-with no turning back-
09
Set 11

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Saímos dali e ele acompanhou-me até casa, fomos o caminho praticamente todo abraçados por um silêncio constrangedor, estávamos quase a chegar à casa da minha avó quando decidi acabar com aquele silêncio embaraçoso.

-Olha eu acho que não me apetece ir à tal festa - olhei para ele.

-Emma... eu sei que isto que descobrimos hoje é muito esquisito e perturbador...mas... não podemos deixar que isto nos afecte desta maneira, não esta noite, a noite da fiesta, da despedida de férias, não podemos uma vez na vida fugir às ''regras'' e tentar ocultar o facto de termos descoberto que pertencemos à mesma família? Se calhar ocultar ou fingir que nada mudou é a melhor forma de seguir em frente -adoro a forma como o Alex me faz ver as coisas de outra perspectiva...de que nem tudo é tão mau quanto parece e o melhor a fazer é seguir em frente - e agora? somos primos em 3º grau... e então? não é nada do outro mundo, quantas pessoas não conheces que casaram e são primos em 1º grau? Olha tens um bom exemplo a tia Emília também casou com o primo João, e tiveram um filho saudável, por isso, nem sempre há risco de nascerem filhos deficientes, mas aqui o que está em causa nem é isso eu sei...mas se uma vez na vida fecharmos os olhos e fingirmos que nada aconteceu... - fez uma pausa - seja a melhor maneira de lidarmos com a realidade.

- Ah então estás a dizer que fugir à realidade é a melhor maneira de resolver as coisas?

Ele suspirou, olhou para o chão e depois olhou novamente para mim.

-Não... o que eu estou a tentar dizer é que por vezes se ignorarmos a realidade podemos ver os nossos problemas de outra perspectiva, também não vamos morrer por sermos primos não é? 

-É tens razão... afinal de contas nem somos primos muitos chegados, nem nos conhecíamos... isto não passa de uma situação estranha e embaraçosa passageira... certo?

-Certo - deu-me um beijo na testa - venho buscar-te por volta das 21h?

-Ah...ok...que se lixe, espero que esta festa valha a pena para me fazer esquecer do mundo real por uns momentos.

-É isso mesmo, vais ver que não te vais arrepender. Até logo, e não te esqueças leva uma roupa que não estimes muito.

Agora sim, estava um pouco mais aliviada. Entrei em casa e fui tomar banho, deixei que as pequenas gotas que escorriam pelo meu corpo significassem cada uma delas um problema ou uma situação má da minha vida, assim que desligasse a torneira, os meus problemas abalariam todos pelo cano a baixo, contudo tinha receio que de alguma maneira aquelas gotas voltasse a entrar em contacto comigo, fazendo que coisas que preferia esquecer viessem outra vez parar aos meus pensamentos por alguma razão desconhecida, assim que acabei de tomar o meu rápido duche de 10 minutos, desliguei a torneira e enrolei-me numa toalha laranja, calcei os chinelos de enfiar no dedo roxos e fui para o quarto, deixando marcas dos meus passos pelo corredor, sim um dos meus problemas se assim lhe posso chamar, sempre que tomo banho, é chuveiro para aqui e chuveiro para ali a fazer de microfone e quando dou por mim a minha casa de banho tornou-se no titanic. Na sala-roupeiro vesti um conjunto soutien e cueca preto e vesti uma t-shirt branca simples com uns calções simples que já tinha à muito tempo de ganga clara. Calcei os chinelos roxos, fiz um rabo de cavalo, meti um pouco de perfume que me tinham oferecido pelos anos e desci até à cozinha, a Alem estava em cima do sofá a dormir e a avó já estava a servir a comida, ao que parecia era sopa de agrião e arroz com bifes, o pai ainda não tinha chegado.

  Ela assim que me viu, parou de meter sopa nos pratos e dirigiu-se para ao pé de mim.

-Já estás melhor querida?

-Ah...a...sim, mas podemos não falar sobre isso?

-Está bem. -respondeu ela apreensiva e continuou a tirar a sopa da panela com a concha para o prato do meu pai.

-O pai? Não o vejo desde manhã.

-Foi tratar de uns assuntos, mas deve estar quase a chegar.

-Que assuntos?

-São coisas lá do trabalho dele, não é nada de importante, podes sentar-te já, e comer a sopa enquanto ele não chega.

-Ok.

Levei a colher à boca.

-AUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU! AI AAAAUU AAIIII AUU AIII!

-Toma, toma, mete este cubo de gelo na boca. -disse a minha avó aflita.

Atirei com o gelo para a língua. Ah! Agora já não estava a queimar...

-Não me viste a pôr a sopa mesmo agora? Devias ter pensado primeiro que ela provavelmente ia estar a ... ESCALDAR... não sei... -disse a minha avó com uma cara risonha.

-Pois... mas eu pensei que a sopa já tivesse arrefecido, como eu fui tomar banho e tudo, olha agora já serviu de lição.

-Ai Emma Emma... tu e os sarilhos, vá acaba de comer a sopa, mas sopra primeiro!

-Claro avó já não sou nenhuma criança.

Ela franziu o sobrolho como quem diz ''a sério?''.

Continuei a comer a sopa mas a minha língua já não era a mesma, parecia as línguas do gatos, estava áspera.

-Ah, avó, quando o pai chegar, não comentes nada sobre o que aconteceu hoje de manhã está bem ?

-Se assim queres, é assim que é.

Já ia em 6 colheradas quando o meu pai entra em casa.

Caminhou lentamente até à mesa, puxou uma cadeira e sentou-se.

-Então os teu amigos já disseram a que horas passam cá?

-Ah... sim, por volta das 21h.

-Ah mas já são 20.40h vê se te despachas.

-Sim, pai!

-E eles são de confiança Emma?

-Sim...não te preocupes, são pessoas muito porreiras, então o António da minha turma é super engraçado. É só uma festinha de despedida às férias.

-Como assim? Vocês já começaram as aulas à 1 semana...

-Oh sim, mas foi só apresentações e etc, para a semana é que começamos a dar matéria a sério. E assim deu para conhcer o pessoal melhor antes da festa e tudo.

-Ah! Ok...

Acábamos de jantar e eram 21 horas em ponto quando o Alex bateu à minha porta.

-Até logo avó, até logo pai.

-Adeus, porta-te bem. -disse a minha avó.

-Sim menina Emma, juízo, adeus. -disse o meu pai.

Descemos o quintal da minha avó. Ainda não era de noite mas o sol já se estava a pôr.

-Ainda não me cumprimentas-te como deve de ser. -disse ele com um sorriso rasgado.

Coloquei os braços à volta do pescoço dele e beijei-o.

-Assim está melhor?

-Hum... não sei, acho que vai ter que fazer melhor que isso. -disse ele piscando-me o olho.

-Idiota -disse-lhe, dando-lhe um pequeno murro na barriga - vamos mas é antes que o pessoal comece todo a chegar. Hum... onde está a Marta?

-Ah ela ficou em casa a acabar de se arranjar, e disse que ia lá ter com a Ana, o que nos deixa sozinhos até chegarmos ao local da festa.

-Hum agrada-me. - disse  ao pararmos à porta de casa dele.

-Vamos de carro?

-Sim, a minha mãe leva-nos é a única maneira.

-Então acho que não vamos estar completamente sozinhos...

-Pois... esqueci-me desse pormenor - fez um sorriso embaraçado - vamos?

-Força. 

Entrámos no carro e a mãe dele já lá estava dentro. Em poucos minutos estaria na festa de despedida às férias, com o meu namorado, e os meus amigos, a tentar esquecer o que tinha descoberto, ainda assim será que os problemas me vão deixar de vez em paz?

 

publicado por Kate às 16:58
16
Ago 11

(by zack henningsgaard)

Não sabia o que se estava a passar minimamente, uma enorme sensação de angústia tomou pose do meu corpo, e assim que se instalou nunca mais abalou. Estávamos os 3, ali na cozinha, e eis que a minha avó diz:

-Emma, este Alex é que é o teu namorado?

-É, si...sim, porquê? Alguém me diz o que se está a passar, deixem-se de drama, isto não é nenhuma telenovela, por favor? 

-Ele é teu primo.

Assim que ela acabou de proferir estas palavras olhando-me nos olhos, senti que o meu mundo caíra ao meus pés, finalmente tinha encontrado alguém com quem me sentia bem, alguém que não estivesse com quem não estava ''comprometida'', mas sim numa aventura, algo sem um ''sempre'' mas com um ''vamos aproveitar o máximo que pudermos e depois logo se vê'', finalmente estava a ter a relação que queria, a relação perfeita, e agora ele é meu primo? mas o que é isto? alguma partida? é que se é eu não estou a gostar minimamente...porque é que sempre que algo me corre bem, acaba depressa? a partir de hoje, vou aproveitar os momentos o máximo que consiga, visto que a alegria tem sempre um limite, estou disposta a aproveitá-la enquanto durar. Por isso, com o peso das minhas lágrimas a escorrerem-me pela cara, sorri.

-O Alex é meu primo, como assim? 

-Sim, ele é teu primo.

Não pude continuar ali, corri o mais depressa, continuava a correr sem saber onde o destino me levava, ou talvez lá bem no fundo no meu inconsciente até soubesse, estava no monte, o sol irradiava todo a vegetação, a casa, e a mim. Estava sentada no monte encostada à árvore onde tinha estado pela primeira vez com o Alex. É incrível as voltas que a vida dá. Primeiro namoro com um rapaz simpático, querido, e com quem passava óptimos tempos, e um dia deixei de lhe servir, e então arranjou outra nas minhas costas e ainda tentou voltar para mim fazendo-se passar por coitadinho, nunca tolerei traições, nem percebo porque existem, se uma pessoa já não se sente bem com a outra, acabe com ela, por mais que magoe é sempre melhor de que sentirmos que errámos em alguma coisa e que por isso fomos substituídas. Depois vim para o Alentejo morar com o meu pai e avó, tudo muito bem, conheci um rapaz, namoramos, e de alguma forma, sentia que este era ''o tal'', e agora sem mais nem menos a minha avó diz-me que é meu primo... não sei o que deva sentir ou fazer, apetece-me desaparecer do mundo, ou simplesmente ficar aqui ao sol, a derramar as lágrimas que caem pelo meu rosto. 

 Senti o meu telemóvel a vibrar no bolso dos calções pretos que tinha vestido enquanto eles estavam a ver uns vídeos nos comuptador.

-Olá Emmita, agora que estás aí já não ligas nenhuma ao teu maninho não é?

Não me apetecia falar com o meu irmão, não agora.

Fiquei por ali, deitada a chorar umas quantas horas, até que eram quase 19h e o sol estava a esconder-se por trás de outro monte, e uma leve brisa instalava-se.

Acabei por adormecer ali, agora que penso bem nisso, qual é a minha panca? Quando as coisas não me correm bem na vida tenho tendência para me ir refugiar no meio da natureza, talvez seja o ar puro que se respira, o som dos pássaros a cantarolar, ver o sol a saltitar de lugar em lugar a cada hora que passa...

-Emma...Emma... -soava uma voz familiar e meiga, fazendo-me uma festa na cara, conseguia reconhecer aquelas mãos em qualquer parte do mundo. Abri os olhos, esfregando-os, e piscando-os várias vezes, estavam secos, de ter estado a chorar, as minhas lágrimas tinham-se esgotado, fazendo com que os meus olhos secassem. O meu coração deu um enorme pulo e começou logo a palpitar mais, ele estava abaixado, a olhar para mim, deixei de estar deitada, e sentei-me em frente a ele, estava encostada à árvore, ele sentou-se na relva também e encostou-se á árvore também.

-Então...primo, é? -disse eu.

-Olha Emma há uma coisa que tens de saber. -disse ele logo antes de eu ter terminado a minha frase.

-Força...

-Eu sou teu primo, sim, mas em 3º grau. Primeiro que tudo deixa-me explicar eu não sabia que eras minha prima... nunca tinha ouvido falar de ti, sabes que na nossa família temos inúmeros primos...eu vi a tua avó num almoço de família já à alguns meses, mas eles nunca falaram muito de ti, ou se falaram eu não ouvi, por isso para mim, é como se nem sequer fosses minha prima, és uma pessoa completamente minha desconhecida, em termos de família, se é que me compreendes, e depois, a questão do 2º lugar... eu sou neto do irmão da tua avó. Ou seja que o meu avô e a tua avó são irmãos.

Sorri-lhe apenas, e encostei a minha cabeça sobre o seu peito, quente como habitual. 

-A partir de agora, vai ser tudo diferente... já não vamos continuar a ser os mesmos.

-Não digas isso.

-É verdade, e tu sabe-lo bem.

Ele ficou em silêncio.

-Mas olha, não é assim tão mau, há pior, imagina aquelas pessoas que têm acidentes e ficam deficientes ou coisas assim, nós somos apenas dois adolescentes apaixonados cujo destino ainda está por construir, não tínhamos combinado que ia ser uma relação sem compromissos? Vamos aproveitar enquanto dura. E para além do mais, não há nenhuma regra no mundo que diga que dois primos não podem namorar, se tiverem filhos há a probabilidade de serem deficientes ou incapacitados, mas ainda é muito cedo para pensarmos no futuro dessa maneira, não achas? -limpou-me uma lágrima que escorria novamente pelo olho direito. - Vá agora, sorri, e levanta-te que logo à noite temos uma festa á nossa espera.

Senti-me angustiada quando ele acabou de dizer aquilo, eu estava a ter uma relação sem compromissos, algo que sempre desejara, mas algo me dizia que estava destinada a ficar com o Alex.

 

 


publicado por Kate às 16:33
08
Ago 11

Ida Wulff

Acordei com o sol a espreitar pela janela do quarto. Os pássaros cantarolavam, os grilos cantarolavam, e não, apesar de o barulho que fazem por vezes se tornar irritante, desta vez não me incomodou mininmamente. Talvez porque estava feliz, o meu pai tinha um bom emprego, sim mesmo um bom emprego algures no meio de uma conversa com ele, ele disse-me que iria receber 1500€ por mês, estava tudo a correr bem, por isso para aproveitar aquela manhã solarenga de Setembro, provavelmente um das últimas assim tão agradáveis que ia viver antes da chegada do outono. Desta vez não me apetecia fazer o meu ''ritual'' habitual que fazia todas as manhãs por isso fui até à casa de banho, abri a torneira e deixei a água correr-me pelos dedos, enquanto ainda estava a acordar e a bocejar, voltando assim à realidade uni as minhas mãos e formando uma concha enchi-as de água, levei as mãos à cara, e sim, agora já estava acordada, sem restos de lápis espalhados e esborratados pelos olhos. Desci as escadas e fui logo em direcção ao frigorífico, na sua porta estava um papel afixado com um iman redondo amarelo e sorridente. ''Fui à mercearia, volto por volta do meio dia, avó.''  Como tudo era diferente e genuíno em Lisboa cada um por si, e com sorte recebia uma mensagem escrita por telemóvel a dizer ''Fui ao shopping''. Abri a porta do figorífico e senti um arrepio, do frio que vinha do mesmo, podera, estava só com uma camisa branca grande e com uns calções pretos de algodão juntinhos, e estava descalça, óbvio que resultou num espirro, ainda assim continuei o meu percurso para aquela manhã e estendi a mão até ao leite. Retirei-o e coloquei-o em cima da mesa redonda da cozinha, tirei uma caneca simples, branca que dizia ''drink me'' e coloquei o leite lá dentro, sem açucar ou cacau, só leite. Fui até ao quintal e sentei-me no banco de pedra e fiquei a apreciar a paisagem, as flores com cores vivas e ar saúdavel, as formigas que nadavam pela água que escorria pela inclinação de cimento que leva até ao portão lá de baixo, era claro que a minha avó tinha andado a regar. E o meu pai, onde andava ele? Deve ter ido ao largo tratar de assuntos pessoais ou algo do género, uma das coisas que admiro no meu pai, é muito independente nesse tipo de coisas, vai a todo o lado sozinho, desenrasca-se sozinho, se precisar de alguma coisa ele é que a vai buscar. Força de vontade ao fim ao cabo. Uma borboleta poisara sobre o meu pé esquerdo, uma borboleta branca muito bonita, estava a fazer-me cócegas por isso abanei ligeiramente o pé e ela voou até á laranjeira, onde a deixei de ver. Via uma cabeça ao fundo do ''carreirinho'' não é de terra, eu é que lhe chamo carreirinho porque não consigo achar um nome exacto para aquele ''corredor'' de alcatrão que percorre toda a vedação da escola do lado esquerdo, e os muros de quintais do lado direito, olhando com mais atenção essa pessoa já estava mais perto, mas trazia uma rapariga consigo, parecia ser o Alex e a Marta e por isso levantei-me e desci até ao portão, eles estavam quase a chegar, por isso dei um último golo no meu leite, e poisei a caneca no chão. Abri o portão e abracei o Alex, beijámo-nos e de seguida abracei a Marta e dei-lhe doi beijos no rosto.

No meio de muitos sorrisos inesperados:

-Olá meninos! O que andam aqui a fazer?

-Viemos de propósito ter contigo, o pessoal da nossa turma e outras pessoas lá da escola combinaram uma festa para hoje à noite. Queres vir? -perguntou a Marta.

-Ah...sim! Quero dizer... não sei... é o quê e onde?

-Ok, vais achar um pouco estranho mas todos os anos fazemos uma festa a seguir à primeira semana de aulas para nos despedirmos das férias. Este ano é no parque ecológico do gameiro. -respondeu ela.

-Isso é onde e o quê?

-É aqui perto não te preocupes, 10 minutos de carro, é para os lados do fluviário, é um parque enorme, permitido para acampamentos, e descendo, o que faz a margem de todo o parque é a água, uma ribeirinha, banhada pela Ribeira do Raia. Ah e não leves roupa que estimes muito porque a noite vai ser...um pouquinho diferente.- disse a Marta entusiasmada, e com um brilhinho nos olhos.

-Então?

-Logo vez.-respondeu o Alex, piscando-me o olho.

-Hum, agora estou curiosa!

-Ainda bem, vais adorar. A festa começa às 22h.

-Hum ok. Querem entrar? -reparei que ainda estava de pijama por assim dizer, porque uma camisa e calções não é propriamente pijama.

Eles olharam um para o outro e sorriram.

-Claro.-responderam os dois.

Subimos, eu empurrei a porta e entrámos.

-Querem ir até ao meu quarto?

-Bora.-respondeu o Alex.

-Hum hum.-disse a Marta.

Já no meu quarto.

-Uau Emms, o teu quarto é tão fixe! -disse a Marta olhando para todos os cantos, para todos os objectos, para tudo!

-O meu pai ajudou-me a decorá-lo.

-Fizeram um óptimo trabalho!-disse ela, olhando agora para mim.

-Obrigada, bem sentem-se por aí...

Sentaram-se os dois na cama e eu também o fiz.

-Bem o que querem fazer?

-Não sei... que tal irmos ao computador? -disse Alex.

-Ok.

Fui buscá-lo e sentei-me novamente na cama, deslizei para traz e cruzei as pernas ''à chinesa'' e coloquei o portátil à frente das pernas.

Assim que este ligou, fui directa ao youtube.

-Que música vamos ouvir?

Deu-se uma pausa.

-Red hot chili peppers! -dissemos  os três ao mesmo tempo e começámos a rir desalmadamente.

-Que engraçado! Até parece que somos irmãos ou coisa parecida. -disse a Marta ainda no meio de umas gargalhas, e colocando a mão à volta da barriga, e uma lágrima caía pelo seu rosto.

-Marta estás a chorar! -fez-se silêncio, eu e o Alex fixávamos a Marta.

-O quê? Eu estou a chorar de tanto rir oh parvos, não vêm que até tenho a cara toda vermelha? A sério meninos, nós os três formamos um grupo de mais.

Ficámos mais aliviados e começámos a rir novamente daquele disparate.

Voltei-me para o computador e reparei pelo canto do meu olho que a Marta estava a dar uma vista de olhos ao livro que tinha poisado sobre a mesa de cabeceira ''Um Dia'', falava sobre a história de uma rapariga ''Emma'', que foi o que me chamou à antenção do livro, e de um rapaz ''Dexter'' que se apaixonam, e estão sempre desencontrados e que estão apaixonados um pelo outro, etc, etc

E o Alex estava mesmo ao meu lado, enquanto digitava ''red'' na barra de pesquisa do youtube senti uma mão forte e quente na minha cintura, arrepiei-me um bocadinho, nem eu sei ao certo porquê, limitei-me a ignorar o arrepio, olhei-o nos olhos, de seguida os seus lábios, e novamente os seus olhos, sorri e voltei-me para o ecrã.

 Já estávamos a ouvir a música ''snow'', abri um novo separador e fui ao hotmail ver se a minha mãe já tinha respondido. Já. Cliquei por cima de ''recebeu uma nova mensagem de um dos seus contactos: Clara: Olá!'' Deslizei dedo até ao botão esquerdo e cliquei no mesmo.

''Olá Emma! Connosco está tudo bem... o André conheceu uma rapariga chamada Margarida, e namoram agora, nem conhecias o teu irmão se o visses agora, anda sempre com um sorriso na cara nem parece ele. Ainda bem que conheces-te esse rapaz, faz-te bem não pensares naquele parvo querida! Mas mesmo assim não mudo a minha opinião, sabes que o que fizeste foi completamente irresponsável. Vê é se não te distrais com o teu novo namorado. Ainda bem que fizeste boas amizades. O teu pai finalmente arranjou trabalho? ...acho que... que bom! A sério, ainda bem, é para toda a gente que ele finalmente tenha arranjado um trabalho, bom para ele porque recebe dinheiro e está ocupado, bom para a tua avó que fica com mais dinheiro para ela para medicamentos e isso (acho eu)...Bem, aqui vai tudo bem também. Porta-te bem nesse tal bar! E na escola quero ver bons resultados, quero que tenhas muitos 4! Beijos, mãe.

P.s: não te esqueças de me falar todas as sextas!''

 O que é que ela querida dizer com ''não te distraias como o teu novo namorado?'' em termos de relação ou não me distraio na escola? 

Acabei de ler o email e olhei para a Marta, que estava mais concentrada no livro do que sei lá eu o quê.

-Hey Marta! Tens algum blog?

-Tenho, queres? -disse ela sorrindo.

-Claro. Eu também criei um à pouco. Escreve tu.

Passei-lhe o computador e ela digitou o blog, assim que abriu vi que era em tons de azul, rosa e verde. Estava muito giro.

Ela passou-me de novo o computador e eu dei uma vista de olhos pelo blog, de facto Marta escrevia muito bem.

 Ouvi um barulho e calculei que fosse a minha avó a chegar. Descemos todos e sim, era a minha avó, estava a poisar os sacos em cima da mesa.

-Ahm... olá avó! Este é o Alex, e a sua irmã Marta, eles passaram por aqui para falarem comigo e eu convidei-os a entrar, há problema?-disse eu ajudando-a a arrumar as compras.

A minha avó e o Alex e a Marta olhavam-se seriamente, e estavam vidrados uns nos outros, sem pronunciarem qualquer frase, não percebia o que se estava a passar, mas coisa boa não era.

-Alexandre! Oh meu deus! Não pode ser! Não pode ser este Alexandre!

Marta estava calada a observar aquela situação toda, mas de certeza que ela sabia o que se estava a passar porque também ela estava surpreendida, e de queixo caído.

publicado por Kate às 14:30
30
Jul 11

Fui para casa e subi até ao meu quarto. 

 Estava super entusiasmada com a ideia de criar uma página online por isso liguei de imediato o computador...correcção: o meu lindo computador da Apple.

 Nunca pensei que criar um blog desse trabalho, aliás não dá, o que dá trabalho é decorá-lo ao nosso gosto, depois de ver milhões (exagero) de fotos num site, lá me decidi por pôr uma foto com flores, em tons de rosa, branco e azul. Posso dizer uma coisa? Na minha opinião o blog está: AMOROSO! A sério, não quero ser convencida mas tenho de reconhecer que o blog está mesmo fofinho... adiante, depois de criar o blog escrevi o meu 1 post como é óbvio. 

 Acabei de escrever e baixei a tampa do portátil... ter escrito deixou-me a pensar no Duarte... por isso para desanuviar respirei fundo e voltei a sair de casa. Vesti um casaco fino, estava vento mas não esta frio, era o suficiente para me aconchegar.

 Fui dar uma volta até ao parque das crianças,  têm lá baloiços, escorregas e essas coisas habituais. Sentei-me no baloiço e econstei a cabeça a uma das correntes que segurava o assento, fiquei ali por volta de meia hora a pensar na vida até que vejo uma senhora de idade com um rapazinho e uma menina, cada um segurava uma mão da senhora. Dirigiam-se para os baloiços onde eu estava.

Enquanto se dirigiam para aqui eu consegui ouvi-los a susurrar. As crianças pediam à avó para virem aos baloiços, e a avó dizia-lhes que estava lá uma menina e por isso não podiam andar os dois. Isto repetiu-se durante o caminho todo, até que a avó desistiu e quando chegou ao pé de mim disse:

-Boa tarde menina, não se importa de sair desse baloiço só por um bocadinho? É que as crianças não param de me chatear.

-Ah... sim, é claro não há problema. 

Saí dos baloiços e comecei a caminhar até casa. Lentamente, apetecia-me apreciar a natureza e o vento que teimava em tornar-me num completo Einstein, o meu cabelo, loiro e ondulado cheio de nós para aqui e para ali... cheguei a casa completamente calma e relaxada.

-Boa tarde família, o que é o jantar?  -estavam os dois nos seus lugares habituais.

-É frango na tostadeira com aquele molho de pimentão que tu gostas e puré de batata.

-Hum, ainda bem avó! Era mesmo o que me estava a apetecer -disse no meio de um largo sorriso.

-Vou lá para cima, quando o jantar estiver pronto chamem-me.

-Está bem querida vai lá. Mas olha que o jantar já não demora muito!

Cheguei lá acima e fui directamente à casa de banho, penteei-me o que demorou alguns minutos, o meu cabelo para além de loiro e ondulado é comprido! Fui ao closet, vesti o meu pijama cinzento com lacinhos cor-de-rosa, calcei as minhas pantufas cinzentas e fui para o quarto. Liguei o computador e assim que o fiz, o skype começou a chamar-me, cliquei no pequeno ícone azul na barra de tarefas e vi que era o Alex que estava  a meter conversa comigo.

-Hey miuda!

-Olá Alex!!!

-Queres fazer chamada de video?

-Pode ser...

Ligámos as nossas webcams e microfones e começámos a falar.

Ele: Olá!

Eu: Oi!

Ele: Então... já jantas-te?

Eu: Não e tu?

Ele: Eu já.

Eu: Comes-te o quê ?

Ele: Filetes de peixe.

Eu: Hum, que bom!

Ele: Fiquei com fome à mesma...

Eu: Oh meu deus, comeste filetes e mesmo assim continuas com fome?

Ele: ya...

Eu: Ai, ai... enfim...

Ele: Então... já crias-te o tal blog?

Eu: Já.

Ele: Ok... depois manda-mo para o meu email se não te importares.

De repente oiço a minha avó a chamar-me.

Eu: Olha vou ter de sair...a minha avó está a chamar-me para jantar.

Ele: Ok, adeus, falamos por sms?

Eu: Sim, adeus, beijocas.

Encerrei o computador e desci as escadas aos saltinhos, e juntei-me a eles na mesa.

-Então pai, como foi o primeiro dia no trabalho?

-Foi muito bom até. Eles gostaram de mim e contractaram-me. Segunda já começo a trabalhar a sério.

-Ai é? Isso é muito bom pai!

-Pois é.

Acabámos de jantar e o meu pai dirigiu-se para o bengaleiro e retirou o seu casaco vermelho da Quebramar.

-Vais a onde pai ? -perguntei eu sentando-me no sofá.

-Vou beber café.

-Luís, não precisas de dinheiro? -perguntou a avó fazendo uma pausa a lavar a loiça e olhando para o meu pai.

-Não, ainda tenho que chegue, aliás, se tudo me correr bem no novo trabalho nunca mais precisarei que a mãe me dê dinheiro, poderá usufrui-lo com coisas de que gosta e precisa para a sua saúde.

-Pois é, isso é muito bom, então vai lá filho, vai lá.

O meu pai saiu e eu continuei a ver televisão juntamente com o barulho do esfregão a passar nos pratos e a espuma a dançar pelo lava-loiças. Começara a dar a telenovela que a minha avó gostava de ver, e por acaso eu também, digo por acaso porque não sou grande ou melhor nada apreciadora de telenovelas, tantas intrigas, más representações, discuções, problemas, traições, coisas que não me agradam minimamente. Mas aquela telenovela era muito melhor e bastante diferente de todas as outras. Tratava de uma rapariga que é do campo e vai morar para a cidade e ela não percebe nada daquilo e das tecnologias e essas coisas, e um dia enquanto estava na secção de produtos de bebidas no super mercado a tentar descobrir a diferença entre sumo e sumos light, choca contra um rapaz e apaixonam-se e depois vivem montes de aventuras juntos, é alegre e divertida e talvez essa a razão de eu gostar dela.

 Assim que a minha avó acabou de lavar a loiça juntoui-se a mim no sofá e vimos o resto da telenovela juntas. A meio de uma cena romântica deixa escapar um:

-Eles estão tão apaixonados, e ficam tão perfeitos juntos...

A minha avó riu-se.

-Mas tu também arranjas-te logo um namorado mal aqui chegas-te e pelo que tu dizes ele é lindo de morrer e vocês entendem-se muito bem por isso não tens motivos de queixa. (sim, eu conto tudo, pronto, praticamente tudo à minha avó).

-E não tenho.-disse.

-Mas também tens que admitir que começares a namorar com um rapaz logo passado 3 dias de o conheceres é uma coisa assim... um pouco... precipitada, não achas?

-Eu não acho que para se ter um namorado temos que o conhecer à anos, por exemplo, há pessoas que conhecem o namorado à anos e que gostam um do outro, mas se não houver paixão ou ''química'' nunca será uma relação com faísca. E é isso que as pessoas querem não é? Romance...paixão...química...faísca. O namorado de uma pessoa pode levá-la a jantar, mas se não houver aquelas palavras não decifradas por traz do olhar de cada um, ou uma mensagem por dizer por trás de cada frase, não é a mesma coisa. O que eu quero dizer com isto é que as pessoas procuram paixão e não a simples palavra amo-te que hoje em dia cada um a diz com um abrir e fechar de olhos. 

-Ai Emmita... 

-O que é?

-Estás a apaixonar-te...a minha menina a ter o seu primeiro amor!

-Possivelmente, porque se chamam a isto paixão, então o que eu tinha com o Duarte era amizade com beijos de bónus, se é que me faço entender.

-Eu quando conheci o teu avô também estava assim, e foi e sempre será o amor da minha vida.

Limitei-me a sorrir-lhe e entretanto a telenovela já tinha acabado. Dei-lhe um beijo no rosto e desejei-lhe as boas noites, e fui-me deitar.

A minha avó é alguém muito presente na minha vida, alguém com um espírito jovem e com uma vontade e força de viver enorme, é uma mulher linda por dentro e por fora, alguém que admiro imenso.

 Já no meu quarto mandei uma mensagem ao Alex. Eram cerca de 22.30h.

-Ainda estás no pc ?

-Sim, porquê? -respondeu ele.

-Porque lembrei-me de te dar o meu blog. http://inside-of-emma.blogs.sapo.pt/

 

-Ah ok! Vou já ver. Olha no próximo fim-de-semana queres vir comigo a um bar numa vila aqui perto ? Vai lá um rapaz tocar guitarra ao vivo.

-Adorava! -respondi-lhe. Que fixe ir a um bar com o meu namorado!!! Vai ser espetacular, acho eu...

Lembrei-me que tinha combinado com a minha mãe mandar-lhe um email a falar sobre a semana toda, todas as sextas-feiras por isso liguei o computador e comecei a digitar:

 

Olá mãe, como estás? E o André?

Bem... a escola vai bem, conheci pessoas muito simpáticas, tenho várias amigas com quem falo muito na minha turma mas a com que me dou melhor é a Marta talvez porque... bem eu conheci um rapaz ele chama-se Alex, e nós gostamos um do outro e a Marta é a irmã dele, e talvez seja por isso. Como deves imaginar eu namoro com esse rapaz, podes pensar que foi muito repentino mas eu não quero saber mais do Duarte e não vou ficar em casa a chorar baba e ranho por uma pessoa que não chora por mim, por isso, não estou nada arrependida de namorar com Alex, para além de que acho que... estou apaixonada mãe! Ele é lindo, é moreno, tem olhos verdes e o cabelo é preto ondulado. Ele é muito simpático, e querido, eu gosto mesmo dele mãe... temos andado a trabalhar na casa ambandonada dos avós dele no monte...longa história, para a próxima vez que lá formos vamos começar a pintar, talvez na quarta feira ou assim. À bocado o Alex convidou-me para ir com ele a um bar que tem música ao vivo no próximo fim de semana, estou ansiosa, espero que seja fixe! Ah... o pai e a avó estão bem, e a avó deixou-me ficar com uma gatinha branca que eu salvei, estava presa na árvore. Chama-se Alem (aleme) Ah! E o pai arranjou um trabalho como assesor na área de turismo. Está tudo bem por aqui... Beijos.

 

Ok... enviar...mãe...já está!

''O seu email foi enviado com sucesso para Alex Soares''.

Que giro temos o mesmo apelido e tud... O QUÊ????????????????????????????????????????????????????????

O email foi enviado para quem?!?!?!?!??!!?!?!?

Não posso acreditar!!! OH MEU DEUS, E AGORA? QUE VERGONHA... ai o msn está a chamar-me... é ele!!! OH!

Ele: Com que então, sou lindo é? aha :)

Eu: Oh meu deus... tu não devias ter visto esse mail... que vergonha...

Ele: Calma! Está tudo bem, não stresses! :P

Eu: Hello!!! Tipo isto é super embaraçoso, não podes fingir que não leste nada?

Ele: Ler o quê

Eu: É assim mesmo! :) Ihihihi, bem vou sair da net, até amanhã.

Ele: Até amanhã doidaa.

Envieei o mail novamente, mas desta vez com o destinatário certo: a minha mãe.

 Desliguei o computador e amanhã será o primeiro fim de semana a seguir às aulas começarem.

publicado por Kate às 00:25
20
Jul 11

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-Bom dia amor. -disse ele num tom meigo, enquanto passava a sua mão suave e quente pelo me rosto.

Acordei, e esfreguei os olhos, estava a ver um pouco embaciado, provavelmente por ter ficado acordada até tão tarde e ainda por cima no computador, mas whatever, estava feliz...

-Bom dia!-disse eu espreguiçando os braços, e ao baixá-los coloquei-os sobre os seus ombros e beijei-o. Aquele beijo significava mais do que os normais, era bastante mais intenso e forte, conseguia senti-lo na forma como me beijava.

-Estás bem ? -disse eu olhando-o nos olhos.

-Ah...-disse ele passando a mão pelo cabelo. -Sabes... -olhou para mim. -Sonhei que te perdia... é um bocado lamechas, não é?

-Oh...-disse eu abraçando-o. Não queria saber a forma de como ele me perdeu no sonho, nem o porquê, não ia deixar que isso estragasse aquela noite mágica. -Tu nunca! Mas nunca! Me vais perder Alex! És o único rapaz que quero na minha vida, e não me digam que é só uma paixoneta de adolescentes...porque...porque eu sei que não é! -sussurrei-lhe ao ouvido, enquanto passava os meus dedos por cada fio do seu cabelo.

-Nós não temos a certeza disso Emma, e se isto for mesmo um paixoneta da adolescência e que quando acabarmos o secundário cada um vai para seu lado?

-É mesmo isso que achas Alex?

-Oh... não, eu sei que te amo, e que nunca me irei esquecer de ti, mas será que isso quer dizer que é para a eternidade?

-Acho que o melhor é não pensarmos nisso, agora somos felizes juntos não é? Então logo quando chegarmos a essa altura conversamos, pode ser?-disse-lhe abraçando-o.

-Ok...

Entretanto enquanto a minha cabeça permanecia encostada ao seu peito e os seus braços rodeavam o meu corpo, ouvi uma porta a abrir. Era o meu pai? Porquê a esta hora? Já tinha passado uma semana? Já era sexta-feira?! O tempo ao lado do Alex passa mesmo a voar...

-Rápido Alex! Levanta-te! Esqueci-me completamente que hoje é o primeiro dia de trabalho do meu pai!

-O quê? É impossível, quem é que começa a trabalhar a uma sexta-feira? É ridículo...

-Pois é, mas pelos vistos, é a verdade...anda! -agarrei-lhe na mão e puxei-o até ao closet, sim, era arriscado o meu pai estava na casa de banho mesmo em frente mas era a minha única opção, lá ele não entrava... Entrámos e batemos com a porta e ficámos encostados a ela.

-Emma, és tu?

A porta tinha uma espécie de janela com vidro translúcido, ou seja, dava para perceber que estavam lá duas cabeças mas não a quem pertenciam. 

-Rápido, Alex, mete-te atrás do cadeirão.

Abri um bocadinho a porta.

-Olá pai! Precisas de alguma coisa?-disse eu com um sorriso completamente patético.

-Ah...Olá, não era só para saber se eras tu que já estavas levantada.

-É...bem eu vou-me vestir, adeus! -a parte do adeus disse-a a cantarolar.

Fechei a porta, enconstei-me a ela e deixei-me cair até ao chão.

-Ufa, esta foi por pouco!-disse ele.

-Podes crer. -disse gatinhando para junto dele.

-Que horas são? 

-6.50h.-respondeu-me ele.

-Tão cedo?

-Yup...

-Ah...bem vê o lado positivo ainda dá para irmos a tua casa buscar os livros.

-É. -respondeu ele.

-O meu pai está na casa de banho. Precisas de ir lá?

-Não, deixa estar.

Vestimo-nos e as 7.30h saímos de casa. Estavamos a chegar a casa dele quando me lembrei que não tinhamos tomado o pequeno almoço...

-Alex, ainda não tomámos o pequeno almoço!

-Ah pois é, comemos em minha casa. -disse ele com um super sorriso.

-Por mim tudo bem.

Entrámos e fomos direitos à cozinha.

-Olha olha quem eles são, os desaparecidos! Que vieram cá fazer?

-Comer! Podes preparar-nos o pequeno almoço enquanto eu vou buscar os livros?

-Claro. -respondeu a Marta.

-Até já amor. 

-Até já. -respondi.

-Ai tanto amor, ahaha, o que queres comer?

-Tens Corn Flakes?

-Sim.

-Então quero uma tigela, queres que seja eu a fazer?

-Não, deixa-te estar, fazes-me um favor? Pergunta ao Alex o que é que ele quer comer, ele esqueceu-se de dizer...

-Ah...ok, o quarto dele é...

-O da direita ao subires as escadas. -interroumpeu-me ela.

-Ok.

Subi as escadas, passando a mão pelo corrimão, a casa era tão bonita e incrivelmente cuidada...Já estava no andar de cima, a porta do seu quarto estava à minha frente e o meu coração palpitava, o porquê? Nem eu sei... quer dizer já tinha estado num quarto com ele, mas não no DELE!

Bati à porta.

-Entra.

Entrei e ele estava junto à janela a colocar os livros na mala. Virou-se rápidamente para mim.

-Ah és tu amor, pensava que era a Marta.

-Ah... ela disse-me para eu te perguntar o que querias comer.

-Pode ser corn flakes.

-Oh... 

-Oh ? O que é que tens amor? Está tudo bem ?-disse ele caminhando para junto de mim, eu tinha a cabeça enconstada à ombreira da porta.

-Hum ? Sim... eu disse ''oh'' porque eu também gosto de comer corn flakes.

-Ahaha, o amor é assim, bem vamos amor, ainda temos de comer, e... fazer umas coisas...-disse ele piscando-me o olho.

-Vamos.

Estávamos a descer as escadas e eu reparei que nenhum dos dois tinha dito o primeiro ''amo-te'' será que isso queria dizer que... não ia haver um amo-te? Ai, nem quero pensar nisso, nós gostamos muito um do outro por isso...

-Bem... mais um bocado e os cereais ficam em papas.

-Desculpa.-dissemos em coro.

Comemos e saímos de casa os 3 juntos. Eu e o Alex iamo abraçados. O dia na escola foi um dia normal, execpto em educação física, jogámos basquetebol, era a minha equipa contra a do Alex, e estavmos constantemente a provocar-nos, no bom sentido claro. Era a última aula do dia e por isso iamos logo para o monte a seguir, o que não nos apetecia nada. Caminhámos até ao balenários juntos.

-Para a próxima ganhamos nós!-disse ele.

-Só em sonhos.

-Estás a provocar-me é ?

-Eu? Não... tu é que tens que admitir que nós somos melhores que vocês.

-Aha, ok...pronto ganhas-te.

-GanhámoS! ahah.

-Queres mesmo provocar-me não é?

E nisto agarrou-me pela cintura e beijou-me à porta do balenário.

-Hey, meninos, menos! Ahah.-disse a Marta e uma amiga da nossa turma, a Rita.

Separámos o beijo, porque está bem que somos namorados, mas temos de respeitar os outros.

-Ok, ok.-disse o Alex a reponder-lhes. -Mais logo continuamos.-e piscou-me olho e cada um de nós foi para o respectivo balneário.

Quando saímos fomos até ao portão.

-Onde é que os meninos vão?

-Desculpe?-disse o Alex.

-São de que turma?-perguntou a continua.

-11º.

-Mas vocês não podem saber, vá vão lá para as aulas.

-Peço desculpa continua, mas nós não temos mais aulas agora.

-Têm sim, têm apoio de matemática.

Eu e o Alex virámo-nos de costas para a continua.

-Eu não tenho apoio.-diz ele.

-Mas eu tenho.

-E agora?

-Fugimos?

-Bora.

Voltámo-nos para a continua. O Alex já se estava a chegar  mais ao portão, mas eu puxei-o para junto de mim outra vez.

-Continua, olhe, aqueles meninos estão à luta!

Ela vira a cabeça.

-Onde?

-Rápido Alex!-disse eu.

E começámos a correr que nem malucos enquanto a continua olhava para nós. Assim que saímos da área em que ela nos pudesse ver, começámos a caminhar. 

 Fomos o caminho todo calados, e enquanto o silêncio acentava sobre as nossas bocas, os nossos olhos cruzavam-se inumeras vezes.

Chegámos ao monte...e mandámo-nos os dois para o chão , de mão dadas.

-E agora, o que fazemos ali dentro?-perguntou ele no meio de uma respiração ofegante.

-Não sei... olha, os móveis ainda estão todos cá fora, podiamos limpar melhor tipo com panos e esfregona e tudo e da próxima começamos a pintar.

-Ok.

Limpámos tudo melhor e depois ele levou-me a casa.

-Acho que vou criar um blog.

-Um blog?-disse ele.

-Sim...

-Para?

-Não sei, escrever o que me apetecer...

-Ok. -disse ele dando-me um beijo na testa.

-Até amanhã, maluca.

-Até amanhã, parvo!

Ambos rimos...e cada um foi para sua casa.

publicado por Kate às 14:36
17
Jul 11

Beauty Fantasy

Cheguei a casa e o meu pai e a minha avó estavam sentados no sofá a ver televisão, cumprimentei-os e perguntei-lhes o que estavam a ver e responderam-me que estavam a ver um novo programa de culinária.

 -Bem eu vou-me deitar. -disse.

-Já vais?-disse a avó.

-Sim, estou cansada.

-Está bem.

Subi as escadas e fui em direcção ao meu quarto, despi-me, vesti o pijama e enfiei-me dentro da cama. A gatinha estava ao meu lado, e eu pensava em que nome lhe dar. Eureka, Flora, Kit, Koda, Maggie, Shanna, Trika... que nome? Estava completamente indecisa. Voltei-me com a cara virada para a parede, coloquei a gata ao pé do meu peito, aconcheguei-me mas mesmo assim não conseguia dormir, algo estava a deixar-me eléctrica, com vontade de cometer loucuras, aquele dia tinha sido tão maravilhoso que o meu desejo era que nunca mais acabasse, mas tinha que acabar, como outro dia qualquer, o que me deixava ainda mais triste. Depois de andar às voltas na cama, olhei pelo ecrã do meu iphone e eram 1:30, decidi mandar uma mensagem ao Alex.

 -Olá amor.

 -Hey! Que fazes acordada a estas horas?

 -Não consigo dormir.

 -Então porquê ?

 -Estou sempre a pensar em ti, e no dia de hoje...

 -Precisas de companhia ?

 -Que queres dizer com isso?

 -Se queres que eu vá ter aí...e vamos dar uma volta ou assim.

 -Estás louco!

 -Só se for por ti, anda lá.

 -Não me assustes Alex, ahah, dorme bem.

 -Ok...até logo.

O que é que ele queria dizer com até logo ? Estaria a referir-se a ''até logo do género encontramo-nos em tua casa daqui nada'' ou ''até logo, vemo-nos de manhã'' ? Tentei esquecer o assunto e lá por volta das 2h da manhã adormeci, comecei a ter um sonho estranho, estava no bosque, era de noite e eu estava sozinha, tinha frio, estava só com uma t-shirt e uns calções, e começo a ouvir vozes ''Emma...Emma...'' começava a ficar assustada, o sonho nunca mais acabava, até que acordei e sentei-me na cama com a respiração ofegante, olhei para a janela do quarto e vi que estava lá alguém mas como tinha os cortinados fechados não dava para perceber que era, abri-os e vejo a cara do Alex a chamar por mim, disse-lhe para ir para a frente da porta e eu fiz o mesmo, tirei a chave de dentro da gaveta da cómoda, onde a minha avó a escondia sempre e com muito cuidado para não fazer barulho abri-lhe a porta. 

-Olá amor!

Corei um bocado, mas lá respondi:

-Alex!!! O que estás aqui a fazer? 

-Vim ver-te, disseste que não conseguias dormir então eu vim cá ter... também eu moro aqui tão perto.

Peguei-lhe na mão e puxei-o até ao meu quarto que estava mesmo ali ao lado. A gata ainda estava na cama, e tinha acordado.

-Oh, tão fofa, como se chama ?- disse ele dirigindo-se para a gata.

Eu não respondi, ainda estava a tentar vir à realidade, tinha acabado de ter um sonho super estranho, e logo de seguida aparece-me o meu namorado à porta de casa a meio da noite... a minha cara era completamente incompreensível.

-HEY!- gritou ele.

-Ah...-disse eu colocando o cabelo para trás. -Diz.

-O que é que tens Emma?

-Tive um pesadelo...estava na floresta e estava sozinha e com frio, e comecei a ouvir alguém chamar por mim. E depois do anda tu apareces-me em casa...

-Ah isso do chamar-te devo ter sido eu, eu estava a chamar-te à 5 minutos, mas tu nunca mais acordavas.

-Ai... fogo, isso acontece-me tantas vezes, sempre que ainda estou a adormecer a realidade entra nos meus sonhos e vice-versa, é como se estivesse ainda um pouco acordada, mas já a iniciar o sonho, nunca hei de perceber...

-Ahaha, essa tua cabecinha, não me chegas-te a dizer, como é que se chama a gata?

Boa pergunta, nem eu sabia.

-Ainda não sei.-respondi.

-Que tal Alem? (lê-se Aleme).

-Além? Que nome espiritualista hahaha.-disse eu.

-Não, se reparares é a junção de Alex com Emma, e dá a palavra Alem.

-Adoro! Aliás... adoro-te!-sorri, ele sorriu também.

-Bem queres ir dar uma volta?

-Não, está muito vento, podemos ver um filme...ah espera eu aqui não tenho leitor de dvd...ah, mas vemos no mac, assim já dá.

-Está bem, que filme vamos ver?

-Que tal a ''Proposta'' ?

-Parece-me bem, nunca o vi, mas dizem que é muito fixe.-disse ele.

-Eu também nunca vi, andava à procura de companhia para o ver.-disse-lhe sorrindo.

-Tola.

-Parvo.-disse-lhe, mandando-lhe uma almofada à cara.

-Hey!

Deitei-me na cama e estava com um pouco de frio, tinha ido abrir a porta descalça sobre o chão frio, enfiei-me debaixo dos lençóis, ele deitou-se na cama também mas por cima do cobertor. Coloquei o computador por cima das minhas pernas e meti o filme com o volume no 20.

 Enconstei a minha cabeça no seu peito e ele meteu o braço à volta do meu corpo. O filme acabou e nós ainda estávamos acordados, era de doidos, dois adolescentes de 16 anos a ver um filme de comédia juntos às 3h da manhã. Desliguei o computador, guardei-o e voltei para a cama.

O meu corpo estava ao lado do do Alex, mas da cintura para cima o meu corpo estava em cima do peito do Alex, estava quente.

Ele chegou-se mais para baixo da cama e eu também me cheguei para baixo, lentamente coloquei o meu corpo sobre o dele e beijei-o.

 Adormecemos juntos e amanhã já seria um novo dia.

publicado por Kate às 23:27
12
Jul 11

 

 all I ever wanted was love...

 Caminhei para casa, passando por  todo o caminho habitual, os pássaros cantarolavam, os cães, oh sim, os montes de cães, é normal as pessoas no Alentejo terem todas cães, primeiro porque têm quintais, o que lhes dá condições para tal, e segundo porque a maior parte das casas pertence a pessoas de idade, e daí se sentirem mais protegidas em ter um cão ‘’de guarda’’  em casa, ladravam, borboletas voavam à volta das flores, e gatos passeavam pelas ruas.  

 Foi nestas condições da natureza que cheguei a casa.
-Olá Avó, olá pai!
-Olá. -responderam em coro.
-Como foi a escola?
-Foi… (o que é que posso dizer? Foi maravilhosa, fantástica, mágica, linda, sei lá…provavelmente um dos melhores dias na minha vida, mas não posso contar-lhe que já tenho um namorado e só cá estou à 3 dias, ainda pensam que sou alguma ‘’quebra-corações’’ e que ando por aí a aproveitar-me de todos os que me aparecem à frente…)…foi óptima.
-interrompi o meu pensamento, visto que a resposta já estava a demorar muito tempo para ser dita.
-Ainda bem. – disse o meu pai.
-Como é que está a gata, ‘’vó’’ ?
-Eh…está boa, tem andado o dia todo a correr de um lado para o outro, sempre assustada, mas é uma boa gatinha, já lhe dei flocos, ela hesitou um bocado, mas depois lá acabou por vir comer.
-Ah boa… e agora ela está onde?
-Deve estar na tua cama, à bocado quando eu fui lá ela estava lá deitada.
-Está bem, então eu vou lá ver dela, até já.
 Subi as escadas e em pequeninos passos caminhei até ao meu quarto, e sim, era verdade, lá estava ela, deitada nos meus lençóis.
  Sentei-me na cama, já estava pronta para ligar o computador quando recebo uma mensagem da Marta.
-Olá, queres ir dar uma volta ?
-Olá, sim, onde vamos?
-Podias vir a minha casa, e víamos um filme ou algo do género.
-Está bem, moras onde ?
 -Naquele bairro ao pé da escola, muito simpático, sabes? Casa número 48.
-Ok, então até já.
Voltei a colocar o computador onde ele estava e arranjei-me, desci e disse à minha avó e pai que ia a casa de uma amiga, eles concordaram e assim o fiz. Pus me a caminho da casa de Marta. Estava a começar a ficar um pouco frio e até mesmo tempo de chuva. Estava só com um vestido preto justo e umas botas de salto, as mangas do vestido chegavam-me às mãos, mas mesmo assim tinha frio. Mal cheguei a casa da Marta, tal não foi o meu espanto, que reparei que era a casa de onde vi o Alex a sair hoje de manhã.
 Toquei à campainha e a Marta dirigiu-se rapidamente para ao pé de mim.
-Olá  vieste!
-Olá!  - Disse-lhe dando-lhe dois beijos no rosto. – Ah…sim, foi o que combinámos, não ia faltar.
 Mal ela fechou o portão começou a chover, começámos a correr para a porta, e entrámos desamparadamente, um rapaz ia a passar, e eu choquei com ele, depois é que reparei quem era, era o Alex, ali naquela casa, com a Marta?!?!
-Ai!!!! Desculpa! Estás bem ?-disse-lhe olhando-o nos olhos.
-Sim, não te preocupes, e vocês estão bem? Estão todas encharcadas…
-É, parece que a chuva estava à espera que a Emma chegasse! -disse a Marta.
-Vou fazer chocolate quente e buscar-te roupa seca.
-Ah, não é preciso, eu fico bem assim.
-Nem penses, queres ficar constipada é?
-Sendo assim, visto que não aceitas um não. – Disse-lhe sorrindo.
 Assim que ela saiu do hall de entrada olhei para Alex tentando procurar uma resposta para ele estar ali.
-Então o que vem a ser isto afinal Alex? O que é que estás aqui a fazer? Gostas de beijar raparigas e depois vais para casa de outras? –Disse-lhe quase com  uma lágrima a escorrer, ele percebeu.
   -Ah…-disse ele.
-Meninos, venham aqui, estou na sala. –Disse a Marta.
Que lata que ela tinha, comportava-se como se estivesse em sua casa… era repugnante.
 O Alex estava a dirigir-se para a sala quando eu o agarrei pela mão, ele olhou para mim, e chegou o seu corpo o máximo que podia ao meu, e colocou a sua mão direita na minha cintura, eu nada fiz, fiquei a olhar para ele e aperguntar-me o que raio se passava ali, porque é que ele estava em casa da Marta, e porque é que ela se comportava como se a casa também fosse a dela.
 -Ouve, não tens com que te preocupar…ela é minha irmã.
Eu nada fiz, fiquei a olhar para ele e claro que sorri, e ele começou a rir desalmadamente, o que claro também me afectou, parecíamos dois tolos a rir que nem parvos no meio do hall de entrada, comigo com a maquilhagem toda esborratada (quem é que me manda ter a mania de meter sempre lápis nos olhos?!), cheia de frio e a tremer, com os cabelos a pingar... ele limpou-me as lágrimas que já tinham derramado, desta vez já não era por tristeza e desilusão, mas sim por tudo aquilo ser do meu consciente traumatizado... talvez agora o meu subconsciente reage por mim devido ao que passei com o Duarte.

-Desculpa... mas é que... ainda não te tinha contado mas o meu antigo namorado traiu-me e eu gostava dele realmente e já namoravamos à bastante tempo, e quando soube fiquei super deprimida e etc, desculpa por ter tirado conclusões precipitadas!

-Não faz mal... mas tens que me contar melhor essa história, quem é que tem coragem de trair alguém como tu ?

-Ainda demoram muito? Não sabia que já se conheciam... estão a falar desde que chegas-te Emma, o que é que se passa? - Gritou a Marta da sala.

 De súbito comecei a ouvir passos e conclui que ela se estava a aproximar, por isso larguei rapidamente o Alex, quando os nossos corpos se separaram... vai parecer lamechas mas...senti como se ficasse desprotegida e como se a minha alma já não estivesse completa.

Olhei para ela, depois para ele e depois novamente para ela, Alex ia a falar, ou melhor a descambar-se com o nosso relacionamento, namoro, aquilo que lhe quiserem chamar, por isso, eu interrompi-o e disse à Marta que já nos tínhamos cruzado na escola, e que para além disso éramos da mesma turma por isso...estávamos só a conversar nada de mais.

-Então porque é que tu tens a maquilhagem toda borrada? A chuva nao te atingiu a cara...

-Tinha uma poeira no olho, cocei e ficou assim...

-Hum Hum...- disse ela fazendo um sorriso maroto. -Vá venham lá para a sala, Emma, estás a pingar imenso, vem comigo.

Fui com ela, fomos até ao fundo do hall onde estavam umas escadas de madeira e começámos a sorrir, ela abriu a primeira porta que estava do lado direito, definitivamente aquilo não era o quarto dela, estava perfeitamente arrumado, com cores para o azul e cinzento e havia roupa de rapaz dobrada na cama.

-Ah...suponho que seja o quarto do Alex...

-É. Só te queria mostrar a casa, anda daí.

Seguia-a e ela mostrou-me o seu quarto e a casa de banho. Voltámos ao quarto dela e ela deu-me uma blusa de malha preta, e umas calças de ganga azuis claras, deu-me também umas meias e uns sapatos.

-Oh... Marta não era preciso isto tudo, pelo menos fica com os sapatos, as minhas botas ainda me servem.-disse-lhe sorrindo.

-Era preciso sim senhora, a não ser que tenhas planeado faltar às aulas com esta coisa da chuva...

-Ahah, sinceramente, achas?

-Não sei...diz me tu.

-Claro que não, mas a sério, obrigada, vou ali à wc, não me demoro.

-Está bem...

-Ah! Emma, faz-me um favor...

-O quê?

-Limpas essa porcaria toda nos olhos? Ficas mais bonita sem isso.

-Ahaha, só tu, claro, ah... tens desmaquilhante?

-Sim, está na gaveta do lado direito.

-Ok.

Vesti-me rapidamente com receio de que alguém entrasse e visse coisas que não devia, calcei as botas, sequei o cabelo com uma toalha, retirei a maquilhagem e desci as escadas novamente. Fui em direcção à sala e vi a Marta e o Alex sentados no sofá, à frente deles estava uma mesa que tinha 3 canecas,  e a televisão estava ligada.

 Caminhei até ao sofá e deslizei a mão pelo ombro do Alex, ele olhou para mim e sorriu, a Marta é claro que olhou logo para ver que estava atrás dela e eu obviamente retirei de imediato a mão do ombro do Alex.

Desenconstei-me do sofá e sentei-me no mesmo, agarrei na minha caneca e bebi o cacau quente.

-Então que filme vamos ver?-perguntou o Alex.

-Não sei, escolham vocês.-disse eu.

-E que tal a Chave?-disse a Marta.

-Nunca vi esse.-disse eu curiosa.

-É de terror, sobre uma rapariga que vai cuidar de um idoso para a uma casa enorme e depois ela descobre que há ali mais do que um simples AVC e vai investigar...
-Alex, assim contas tudo!- Disse a Marta dando-lhe um empurrão.

-Ok, ok, já me calei.

-Queres ver esse Emma?- perguntou-me ele olhando-me nos olhos.

-Claro.-disse.

-Fixe.-disseram os dois.

A meio do filme começou a chover novamente, chover em Setembro ? Este tempo está cada vez mais louco... e começou a fazer relâmpagos, confesso que com aquele clima todo e com o filme a decorrer comecei a ficar com um bocado de medo e ainda por cima estava numa casa que não conhecia. Comecei a ficar com sono e encostei a minha cabeça no peito dele, conseguia sentir o forte bater do seu coração e o aroma que saía de todo o seu corpo era ainda melhor. A Marta rapidamente olhou para nós.

-Já tinha percebido, não precisas de explicar.-susurrou-nos ela.

Ambos rimos.

-É...parece que bastou uma troca de olhares e ele conquista qualquer uma.

-Nem por isso.

-Nã...que ideia...

-Estás enganada Emma, é muito raro o Alex apaixonar-se a sério.

-Pois é, já ouvi falar...disse eu, olhando-o nos olhos.

-Emma ficas cá a dormir? Está a chover, e escuro e frio... -disse a Marta.

-Ah...

-Claro que fica. -interrompeu uma senhora loira, alta, e muito bonita.

-Olá mãe.-disseram os dois ao mesmo tempo.

-Olá.-disse ela dirigindo-se a eles. -Olá querida, tu deves ser a Emma...se quiseres podes ficar para jantar e dormir.

-Aah... Olá, sim sou eu, mas como sabe?

-Querida, nem tu sabes o quanto eu ouvi falar de ti nos ultimos dois dias.

Sorri-lhe.-Isso é bom, presumo.

-Vou ligar ao meu pai a perguntar se posso.

-Faz isso querida.

Fui para o hall, e marquei o número do meu pai, rapidamente atendeu, expliquei-lhe a situação e ele disse que podia ficar para jantar mas depois tinha de me ir embora, porque ainda só estava cá à poucos dias. Disse-lhe que assim que comesse iria para casa e desliguei.

Voltei à sala, e estavam todos com uma cara muito esperançosa.

-Bem... o meu pai disse que apenas poderia ficar para jantar, mas que noutra altura podíamos combinar isso com mais tempo.

-Oh, ok.-disse a Marta virando-se novamente para a televisão.

A mãe deles dirigiu-se à cozinha e apenas ficámos nós os dois em pé, um ao pé do outro.

 Ele chegou-se mais para mim, colocou os braços à volta da minha cintura e beijou-me outra vez ali no meio da sala, Marta estava tão concentrada num programa qualquer da MTV que nem reparou em nós, aquele beijo estava a demorar mais do que o normal, e os seus olhos era bastante expressivos, percebi que aquilo queria dizer que nós oficialmente namoravamos, não queria saber se só conhecia aquele rapaz à três ou quatros dias, mas o amor que eu sentia por ele era como nenhum que eu antes tenha sentido, custa-me pensar isto, mas mesmo o Duarte não me fazia borboletas na barriga enquanto me beijava nem tinhamos aqueles olhares intensos. Se eu pensei no tempo todo que estive com ele que aquilo era amor, então deixem-me que vos diga, encontrarem-se com um rapaz e beijá-lo não faz disso amor, para isso tem que haver química, faísca, não são uns simples jogos de consola a dois que faz de vocês o casal do século.

Separámos aquele beijo longo e ficámos os dois a olhar um para o outro.

-Então, e o que achas, contamos-lhes?-disse-me ele a susurrar.

-Por mim tudo bem.-respondi-lhe.

-Então vamos a isso.

-Meninos venham o jantar já está pronto.-disse a mãe deles.

Caminhámos todos para a mesa e enquanto isso Marta olháva-nos como se estivesse a dizer ''o que é que vocês andaram a fazer? estão com cara de caso''. Limitámo-nos a sorrir-lhe e chegámos à cozinha, cheirava incrivelmente bem, e eu com a minha curiosidade toda a estrangular-me decidi perguntar o que era.

-É ensopado de borrego, espero que gostes.

-Gosto sim senhora, e por acaso o seu cheira muito, mas muito bem.

-Oh querida, muito obrigada! Meninos sentem-se à mesa, vou já servir-vos.

Fiquei ao lado do Alex e enquanto a senhora estava a servir-nos, decidi perguntar ao Alex como era o nome da sua mãe.

-Elizabete.-susurrou-me ele de volta.

Sorri-lhe e comemos o jantar, tenho a dizer que está tão bom como cheirava.

-Mãe, Marta, eu e a Emma temos algo a dizer-vos.

Pelo seu tom percebi logo o que era, era agora que ele ia dizer que me tinha conhecido á menos de uma semana e que já andávamos, esplêndido.

-Sim querido diz.-disse Elizabete.

-Eu e a Emma conhecemo-nos na tua loja, mãe, e depois na escola percebemos que iamos ficar na mesma turma, e não sei como depois de uma tarde a recuperar a casa dos avós no monte, fiquei completamente cego por ela... e agora nós namoramos.

Elizabete e Marta começaram-se a rir ao principio eu e o Alex não percebemos mas depois foi tudo explicito.

-Estão a rir de quê?-disse o Alex.

-Então... olha que grande novidade que nos estás a dar... ou pensas que não te vi aos beijos com a Emma à porta da escola?-disse Marta.

-Ah...-Alex parecia algo surpreendido.

-Então pronto, agora já sabem, já não temos de esconder nada.-disse eu.

-Estejam à vontade meninos, mas juízo.-disse Elizabete.

Depois de jantarmos arrumámos a cozinha eu despedi-me das ''mulheres da casa''. E depois o Alex acompanhou-me à porta, beijámo-nos novamente e quando acabámos ele disse:

-Adorei ter-te cá Emma, temos que repetir.

-Sim concordo, bem tenho mesmo de ir andando.

-É, a gente vê-se amanhã na escola, ou melhor, vens ter a minha casa de manhã?

-Claro, porque não?

-Adeus linda.-disse ele.

-Adeus.-disse eu.

Saí de sua casa e caminhei até à minha, aquela tinha sido uma noite maravilhosa que nunca irei esquecer, quem me dera que não tivesse de acabar.


 

 

 

 

publicado por Kate às 14:32
06
Jul 11

10 weeks - resting | Flickr - Photo Sharing!

Entrei em casa e reparei que o meu pai não estava no lugar habitual:cadeirão. Apenas via a minha avó enconstada na bancada, a bater claras em castelo. 

 -Olá Avó.

-Olha a minha menina.-disse ela abraçando-me.-Então como foi a escola?

Sorri.

-Foi boa, as professoras parecem simpáticas e a turma também, depois das aulas fui com um colega até a um monte atrás da escola, sabias que lá há uma casa abandonada que pertence aos avós dele? Ele tem o sonho de arranjar aquilo, então nós entrámos e começámos a tirar tudo para fora e a varrer, depois vamos reciclar os móveis, vamos limpá-los e pintá-los.

-Acho uma óptima ideia, mas juizinho. Não façam nada que prejudique os estudos.

-Achas avó? Claro que não.O pai ?

-O pai foi ao centro de emprego de mora, a ver se arranjava trabalho, ele viu uma boa opurtinadade no jornal e decidiu ir lá, depois ele explica-nos melhor o que era porque nem eu mesma compreendi.

-Ah ok, huum, cheira bem, é o quê?-disse, olhando para o forno.

-É bolo de chocolate.

-Ok, vou tomar um duche rápido, para tirar o pó do corpo.

-Está bem, vai lá então.

Saí dali e fui em direcção à casa de banho, tomei um duche rápido, e dirigi-me logo ao closet, vesti o pijama azul, e calcei os chinelos. Dirigi-me ao quarto e sentei-me na cama, assim que o fiz comecei a ouvir a miar, espreitei pela janela e não vi nada, o miar não parava e eu começava a ficar assustada, decidi abrir a porta que dá para a rua de cima e fui até à árvore que está no lado esquerdo da porta. Espreitei para os troncos e não vi nada, voltei costas e ia a caminhar em direcção à porta quando o miar começa outra vez, voltei à árvore e olhei muito bem, até que depois de ter dado uma volta completa à volta da mesma vejo uma gatinha pequenina e toda branca. Agarrei nela com muito cuidado e levei-a até à minha avó.

-Posso ficar com ela avó ? Eu alimento-a e cuido dela muito bem, ela tem o quintal todo para brincar, não vai estragar nada.

-Hum não sei Emma...

-Vá lá, avó, eu prometo.

-Hum...sendo assim está bem, mas tomas mesmo conta dela!

-Claro!-gritei e de seguida abracei-a.

Voltei a subir as escadas com a gata ao colo, o seu pelo era extremamente macio e muito brilhante. Era pequenina e muito fofinha.

Dirigi-me ao closet e tirei uma manta que tinha deixado no cadeirão, enrolei a gatinha nela e aconcheguei-a na minha cama.

-E agora, o que é que eu faço contigo pequenina?

Assim que o disse ela miou, que miar tão querido, um miar fininho de quem está com fome.

Desci e fui buscar uma taça de leite, coloquei sobre o parapeito da janela e coloquei-a à frente da tigela, primeiro olhou para mim um pouco assustada, fiz-lhe uma pequena festa na cabeça, e ela consentiu e começou a beber o leite. A sua ligua era pequenina e levava à boca cada gota de leite de que a gata tanto necessitava.

 Assim que a gata já se sentia instalada, desci, e dirigi-me à mesa, em pequenos saltinhos.

-Olá pai, voltas-te!

-É, parece que sim, essa felicidade toda deve-se ao quê?

-A vida corre me bem...

-Algum motivo em especial?

-Sim, conheci pessoas muito simpáticas hoje e encontrei uma gatinha branca na árvore e avó deixou-me ficar com ela.

-Ah muito bem, cuida bem dela.

-Cuidarei.

-Então, o que é que foste fazer ao centro de emprego de mora?

-Fui a uma entrevista que estava no jornal para assessor na área de turismo.

-Ah, acho que fizeste bem, e agora?

-Agora é esperar...

-Ok...
Sorrimos os três e assim começámos a comer, desta vez não era bifes, mas sim sopa de agrião e frango com puré, como sempre estava delicioso, comi o jantar a despachar e de seguida dei dois beijos de boa noite ao meu pai e à minha avó e subi deitei-me e aconcheguei-me na cama com a gatinha. Deixei-me levar pela beleza deste dia e adormeci.

 Abro os olhos, e novamente às 7 horas, levantei-me e a gatinha permanecia ainda na cama, na mesma posição em que eu a havia deixado. Estava a dormir, não a incomodei e fui directa à casa de banho, tomei um duche, vesti-me e saí de casa.

Estava quase a chegar à escola quando vejo um rapaz a sair de uma casa, não liguei muito e continuei a andar, até que ouvi uma voz:

-Emma!

Virei me para trás e essa voz que soava de longe já estava mesmo ao pé de mim, os meus olhos subirarm, e para grande espanto meu, a cara que encontro é a do Alex, o que é que ele estava ali a fazer?

-Alex pára!-disse eu dando-lhe um ligeiro soco na barriga. Ele riu-se.

-Hey, então?

-Pára de apareceres assim do nada, já me começas a assustar.

-Desculpa, não faço por mal.

Estávamos a passar por uma casa quando ele parou, deu-me a mão, e fez-me dar uma volta, como se estivéssemos a dançar, enconstou-me à parede da casa e entrelaçou as mãos nas minhas, levantando-me os braços, e enconstando-os à parede, chegou-se mais perto de mim, e eu sabia onde aquilo ia chegar, mesmo assim era inevitável pensar que não sentia nada por aquele rapaz porque a verdade não era essa, havia uma atracção, e forte. Até que a sua doce e meia voz soou, conseguia cheirar o seu odor, o perfume, o seu corpo, o quer que fosse que ele metia, era sem margem de dúvida o melhor perfume, ou antes, a melhor combinação de aromas que eu alguma vez senti.

-E agora, continuo a assustar-te?

Eu estava estupefacta, em choque, não conseguia reagir, mal meu, sempre que fico nervosa fico como se fosse uma estátua, no meio do encontro da sua respiração com a minha consegui reagir, e olhei-o nos olhos, os seus olhos, inexplicáveis, profundos e que me olhavam como se gestos não significassem nada, como se um olhar dissesse mais que mil palavras.

 Não respondi à sua perrgunta, não havia resposta possível. Senti o seu corpo a colar-se ao meu, e sem dar por nada os seus lábios beijavam os meus como se não houvesse amanhã, larguei as minhas mãos das dele, ele separou o beijo, e fez uma cara de confuso do género ''o que estás a fazer?''. Pensei no Duarte e em como ele me tinha magoado realmente, não estava preparada para aquela relação, não agora, não ali, mas mesmo assim o meu instinto mais uma vez fez questão de superar a mágoa e levou as minhas mãos ao seu pescoço, abraçara o seu pescoço por assim dizer, e ele aí percebeu que aquela pausa não significara nada mais do que um simples ''deixa-me ter noção dos meus actos'', rapidamente senti as suas mãos  quentes a cercarem a minha cintura, olhámo-nos nos olhos e não perdemos tempo em tentar decifrar o olhar de cada um, o beijo falou por si, estava eu a beijar Alex, um rapaz que apenas conhecia à  3 dias. Os nossos lábios separaram-se, e ambos sorrimos, não consegui deixar de reparar como o seu sorriso era perfeito. Os nossos corpos descolaram-se um do outro, voltando cada um à sua pessoa, o seu braço direito rodeava a minha cintura, e assim caminhámos até à escola. Ele ia para passar o cartão, mas eu parei e ele percebeu que o meu corpo já não estava junto do dele, veio ter comigo.

-O que foi princesa?

-Estou confusa... o que é que aqueles beijos signi...

Interrompera-me, nesse momento já sentia o aroma dos seus doces e suaves lábios a tocarem nos meus novamente. Separou o beijo e fiquei a olhar para ele.

-Acho que isso responde à tua pergunta, certo?

-Certo.-disse eu inevitando um sorriso de orelha a orelha, naquele momento nada me importava mais sem ser ele, não queria cá saber de Duartes ou de Lisboa, da minha mãe, da gata...de nada, parece um pouco egoísta eu sei, mas e então, não é para isso que o amor serve? Para nos pôr nas nuvens e uma vez na vida tirarmos tempo para pensarmos senão mais na nossa felicidade?

O dia passou rapidamente e quando demos por nós, já estávamos a ir para casa juntos. Parámos á porta da casa dele.

-Bem, até amanhã.-disse eu.

-Amanhã vamos até ao monte?

-Claro.-respondi.

Os nossos olhares cruzaram-se novamente e  beijámo-nos, pus os braços à volta do seu pescoço e ele agarrou-me pela cintura, por mais que custasse, tinha que acabar, tinhamos de ir para casa, mas amanhã, era outro dia e podiamos encontrar-nos novamente.

 

publicado por Kate às 16:07
03
Jul 11

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O toque para as 3.15h soou, levantei-me da minha cadeira e pensei como o dia tinha passado rápido, já eram as 3 horas que eu tanto ansiava, ia poder estar com um rapaz lindo e incrivelmente atraente. Saí da sala e e dirigi-me para o cacifo para guardar os livros daquele dia e quando me virei vi uma rapariga a dirigir-se a mim:

-Olá, eu sou a Marta.-a cara não me era estranha, já sei, é uma rapariga da minha turma.

-Olá, já sabes o meu nome, por isso...-disse-lhe.

-É...então queres fazer alguma coisa?

-Não posso, desculpa, tenho coisas combinadas para hoje.

-Ok, não há problema, hei dás-me o teu número?

-Claro.-peguei no telemóvel dela e escrevi o meu número.-Olha, sabes aquele Alex, podias dizer-me alguma coisas sobre ele ?-disse enquanto escrevia o número.

-O Alex da nossa turma?

-Sim.-respondi.

-Bem, ele é simpático, e muito querido, mas ele não se apaixona facilmente miúda, à 5 anos ele apaixonou-se por uma tal Rita e eles andaram juntos 3 anos, e amavam-se profundamente, toda a gente conseguia ver isso, a forma como se beijavam era como se não se vissem à milhões de anos, eram muito chegados e protegiam-se muito um ao outro, mas houve um dia em que acho que a miúda já estava a ficar farta e um dia quando o Alex ia a chegar à escola, encontrou-a aos beijos com outro, é uma história complicada.

-Oh, eu percebo. Eu também acabei um relacionamento à pouco, ele traiu-me com outra qualquer.

-Isso é horrível, porque é que as pessoas sentem necessidade de trair as outras? Não podem simplesmente ser directas e dizerem que já não sentem nada por aquela pessoa? Sim, é claro que a outra vai ficar muito magoada e assim, mas pelo menos não fica mais magoada do que quando descobre que que a outra a andava a trair, eu por mim, preferia mil vezes que ele me fosse directo do que me andar a trair mesmo por baixo do meu nariz.

-Concordo plenamente.- disse eu enquanto caminhávamos para o portão da escola.

-Bem, adeus Emma, gostei de falar contigo, até amanhã.

-Igualmente, adeus.

Fiquei a pensar no que ela disse, acho que todas as pessoas preferem a honestidade do que mais tarde por obra do destino virem a descobrir que aquela pessoa ''mais que tudo'' afinal não passava de um ''já não me és nada''. É claro que se o Duarte me tivesse sido sempre fiel eu percebia a situação e quem sabe se não continuávamos amigos, mas não as pessoas ao que parece gostam de se afastar e cortar relações de uma vez, porque é que as pessoas têm tanta necessidade de mentir e trair? Coisa que nunca irei perceber.

-Olá desaparecida.-soou uma voz por cima do meu ombro.

Dei um salto.

-Hei, então, qual é a tua? Gostas de assustar as pessoas?

-Não tanto como tu gostas de desaparecer, onde é que te metes-te?-conseguia sentir a sua respiração, estava praticamente com o corpo colado ao meu, ok, tanto também não, mas mesmo assim...os seus olhos olhavam os meus sem qualquer distracção, coisa que me estava a deixar desconfortável, desviei-me e olhei para baixo, e novamente para o seu rosto, ele percebeu que me estava a deixar embaraçada e riu-se.

-Estive a falar com uma colega, nada de mais.

-Está bem. Vamos?

-Claro.

Caminhámos, e caminhámos e caminhámos nunca mais chegávamos a lado nenhum até que me lembrei que nem tinha avisado o meu pai que ia chegar tarde.

-Vou dar uma volta com um colega, devo chegar antes do jantar, beijos.

-Ok, juízo.

Subimos a vila, passámos pelo tanque, onde as senhoras se juntam para lavar a roupa, passámos pelo parque, pela loja dos trezentos, pela mercearia, até que desviámos por um carreirinho, subimos toda aquela terra batida e chegámos ao topo do monte, os meus olhos não queriam acreditar no que estavam ver, um lindo prado cheio de flores, e o por do sol era claramente visto, toda a vila era possivel ver dali, nem podia acreditar como tudo era tão bonito e mágico, estava no topo de um monte com um rapaz que mal conhecia, acabada de sair de uma relação, a ver o por do sol, e nem por isso me importei, parecia que nada me podia impedir de ser livre.

 Estávamos os dois lado a lado de pé a apreciar aquela linda paisagem. Conseguia sentir a sua respiração ofegante e o seu cheiro era simplesmente irresistível.

-Em que pensas?-disse ele.

Estava completamente impressionada e ainda com a boca aberta da surpresa, desviei os olhos, voltando à realidade.

-Ah...ah...isto é lindo, mágico.-acabei por responder.

-É.-fez uma pausa.- O meu avô costumava vir comigo para aqui quando eu era pequeno, dizia-me que foi ali que encontrou a minha avó, numa tarde de verão, ela estava a chorar junto àquela casa que vês ali ao fundo, meia abandonada. A minha família não era propriamente rica, mas também não éramos pobres, e ao que parece, a Sr.Matilde jamais admitiria que a sua filha casasse com alguém como o meu avô.

 Então todas as tardes, eles encontravam-se aqui onde nós estamos, debaixo desta árvore e passavam aqui longos serões, até a Sr.Matilde chamar a minha avó para ir lanchar.

 Falavam de imensas coisas, esta árvore era a única coisa que os podia manter juntos. Até que um dia a minha avó revoltou-se e decidiu sair de casa e fugir com o meu avô, foram viver para Lisboa e lá ficaram. 

-Alex, isso é lindo. Eles amavam-se mesmo de verdade.

-Sim, por isso é que eu gosto de vir para aqui pensar na vida e em tudo o resto, isto acalma-me, esta árvore tem monte de memórias guardadas nela, já pensei em um dia arranjar aquela casa e ir para lá viver, mas ainda não tive inspiração nem tempo para isso.

-Ok.

-Ok, o quê?-disse ele.

-Eu ajudo-te a por a casa outra vez ''de pé''.

-Tens a certeza?

-Absoluta.

-És maluca, só pode.

-Então e porquê?-disse.

-Porque estás disposta a ajudar um rapaz que mal conheces, a arranjar uma casa no meio do monte.

-E então? E não te conheço mal...ok, eu conheço-te mal, mas e então? Não me pareces o tipo de rapaz que me queira violar ou matar ou algo assim, pois não? Deixa-te de desculpas e anda comigo.-disse-lhe.

Comecei a caminhar em direcção à casa que estava cheia de pó, sem algumas telhas, com madeira podre e com monte de folhas e ervas a crescerem à volta. Não sentia o seu cheiro ao pé de mim, por isso olhei para trás e ali estava ele, embasbacado a olhar para mim. Dei uma volta e fui ter com ele. Agarrei na mão dele, o que me fez sentir algo estranha e trouxe-o comigo para a casa.

-Anda lá, quanto mais cedo começarmos melhor.

Ele esboçou um sorriso, e percebi que alinharia nisto comigo.

-És sempre assim?

-Assim como ?

-Energética e sempre sorridente.

-Sim, não perco tempo com coisas desnecessárias, a vida tem que ser aproveitada ao máximo.

-Claro, senhora visão perfeita do mundo, ahah, vamos ter muito trabalhinho, tens consciência disso?

-Não te preocupes.

Chegámos à casa que estava cheia de teias de aranha, abrimos a porta, e reparámos que iamos mesmo ter muito trabalho, havia lixo no chão, paredes grafitadas, bichinhos, tudo o que uma casa abandonada tem.

 -Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!-gritei.

-O que foi, estás bem ?-disse ele, a vir ter comigo.

-Não não estou bem! Uma ra...rata...ratazana!

-Onde?Onde?

-Ali, debaixo da cadeira!

-Ah, é tão pequenina, até parece um rato, anda lá.

Saímos da casa, prendi o cabelo com o elástico e ele despiu a camisa, ficando só com uma t-shirt e os calções. Pendurou a camisa na árvore e entrámos novamente na casa.

-Vamos a isto, vamos começar por tirar tudo o que está cá dentro, móveis, lixo, arrancar ervas, tudo.

-Está bem.-disse eu.

Comecei pela sala, primeiro tirei a mesa, depois foram as cadeiras, os sofás todos rotos, as latas de sumol e coca-cola no chão, e por fim a cómoda dos pratos e talheres.

-Hei Alex, vê se há por aí uma vassoura.-gritei-lhe para a cozinha.

-Vou ver. Já encontrei toma.-disse-me ao caminhar até para me dar a vassoura, as nossa mãos tocaram-se e ambos estremecemos, sorri-lhe e voltámos ao trabalho.

-Obrigada.-respondi.

Depois de a sala não ter nada comecei a varrer, havia imenso lixo, e depois de ter varrido, a diferença era bem notável.

 Fui em direcção à cozinha ver como é que ele se estava a sair.

-Já acabei a sala, e tu?

-Na cozinha já está tudo, balde do lixo, pratos, mesa, cadeiras, está tudo lá fora. Hei passas-me a vassoura se fazes o favor?

-Claro. Já volto.

Fui buscá-la à sala e entreguei-lha.

-Toma.-disse eu.

Assim que ele acabou de varrer a cozinha saimos da casa e voltámos a descer tudo outra vez, até que chegámos a minha casa.

-Bem, vemo-nos amanhã na escola.-disse ele.

-Sim.-disse a sorrir.

Despedimo-nos com dois beijos no rosto e ele virou-se para trás e disse:

-Adorei passar a tarde contigo, adeus. -e sorriu-me.

-Sim eu também.

 


publicado por Kate às 13:46
30
Jun 11

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Começava a ficar um pouco nervosa, ok, um pouco é pouco! Muito nervosa, não sabia como iria ser o primeiro dia de aulas, nem com que pessoas me ia deparar, nem como funcionaria o sistema no refeitório, se a minha turma era boa ou não...se havia ''uma ovelha negra na turma'', todo o tipo de coisas com que as raparigas ficam nervosas antes de começarem as aulas.

 Eram 3 horas da manhã, e estava eu ali, deitada no meu novo e belo quarto, deixando que os meus pensamentos levarem-me onde eles quisessem, levando-me a recordações e a pessoas próximas, pensando nas coisas mais absurdas, até ter uma dor de cabeça, 3horas e eu com uma dor de cabeça, sentada na cama a pensar porque é que simplesmente não me conseguia deixar levar pelo sono?

 Levantei-me e muito cuidadosamente fui buscar o Mac para ao pé de mim, voltei a entrar na cama e coloquei o portátil por cima das pernas, liguei-o e de seguida iniciei sessão no Messenger.

-Olá, olá! Tu por aqui ?- era o Duarte. 

Belo, não, a sério, nada melhor para completar esta linda e maravilhosa noite do que senão encontrar-me com o ex do meu namorado noMessenger a estas horas...

-Olá Duarte, sim, tenho insónias e tu, o que queres?

-Hei! Miúda calma... eu também tenho insónias, olha, sei que pode não ser a melhor altura para falarmos mas... temos de esclarecer umas coisas...

-Como por exemplo? Eu acho que deixei tudo claro, ou estás assim tão cego de amor pela outra que nem ouviste o que te disse?

-A Mariana? Desculpa a sério, eu não queria trair-te mas... aconteceu.

-Aconteceu? Estás bem ? As coisas não simplesmente ACONTECEM... para isso as pessoas têm que as querer.

-Eu sei que não há explicação para o que te fiz, vá lá, miúda, dá-me uma hipótese!

-Olha Duarte adeus, nem sei como é que pude namorar com alguém tão otário como tu, fica bem.

Desliguei a conversa e desliguei o Messenger. Se havia coisa que pudesse piorar aquela noite? Não, não havia. Acabei por adormecer, e assim que os meus olhos voltaram a abri já era outro dia, outro ciclo, outra vez, as 7 horas da manhã que eu tanto ansiava.

Levantei-me num ápice e dirigi-me à casa de banho, tomei um duche rápido, saí e dirigi-me ao meu quarto, a correr, como sempre deixei os meu chinelos no quarto.

Vesti um top branco e uns calções de cintura subida de ganga. Desci e comi o habitual: uma torrada e uma caneca de leite com chocolate.

 Soube me bem ter aquele requintes logo de manhã preparados pela minha avó.

-Adeus Emma, boa sorte.-disse ela.

-Obrigada, avó. Até logo.

 Dirigi-me à porta, hesitei, respirei fundo e saí com o pé direito. Desci o chão inclinado de cimento e dirigi-me ao portão, olhei para trás e reparei como era diferente da vida na cidade, conseguia cheirar as rosas, as árvores, as plantas. Conseguia ouvir o som dos passarinhos a cantar logo de manhã, sentia uma frescura vinda contra mim juntamente com uma brisa. Naquele momento senti que a qualquer momento podia ganhar assas e voar, ser livre, voar para lá dos meus horizontes... Mas não, de repente voltei à realidade, abri o portão, mas só um pouco, de forma a que não chegasse a fazer aquele ruído, para não acordar o meu pai, fechei-o, e comecei a andar, fui pela esquerda, desci aquele carreirinho todo, virei à direita passando por um bairro muito simpático e voltei outra vez à esquerda e quando dei por mim já estava mesmo à porta da escola. Como seria possível? Na cidade tinha que apanhar comboio, autocarro e andar 10 minutos a pé, resumindo-se tudo a 45 minutos de transportes. E ali, apenas me bastou andar, virar algumas esquinas e voilá 1*, estava a deparar-me com montes de jovens, uns sentados no chão, outros no muro, outros a correr e a rir bastante, e tudo em 5 minutos! 

 As pessoas olhavam-me, como de costume, a examinar, e a ver quem era aquela nova pessoa. Estava a caminhar em direcção ao portão para passar o cartão, quando oiço um voz muito suave e algo familiar.

-Hei, bom dia! Emma não é?

-Sim, bom dia! Não sabia que frequentavas esta escola.-disse sorrindo.

-É desde a primária, estive sempre nesta escola, conheço todos e todos me conhecem, conheço cada canto e cada segredo desta escola.

-Isso é bom, acho.- disse eu enquanto caminhávamos.

Sorriu-me.

-És o Alex, da loja de tecidos não és?

-Sim, mas só trabalho lá nas férias.

-Inteligente, huum, ahah. -soltei uma gargalhada.

-É, assim sempre arranjo dinheiro para o resto da metade das férias, tiveste sorte, eu estava lá nesse dia, porque a minha mãe está doente.

-Oh, que mau.

-É.-disse ele olhando para o chão.-Mas, sabes? Até gosto, já faço isto com a minha mãe à muito tempo, e assim não preciso de estar sempre dependente do dinheiro dela, tenho as minhas poupanças.

-Fico feliz por ti.-disse.

-Bem, queres ir comigo ver em que turma ficámos?

-Claro, porque não?-disse eu.

Caminhámos até às janelas onde estavam afixadas as turmas e eu procurava o meu nome, quando ele disse:

-Então já sabes em que turma ficas?

-Não e... - fui interrompida.

-Já achei!-gritou ele. -Olha, és Emma Filipa Soares?

-Sou, porquê?

-Bem vinda, miúda, ficas-te na minha turma.-disse ele a sorrir.

-Boa.-gritei eu. e depois de me ter apercebido do berro, limitei-me a sorrir-lhe.

-Vamos? A aula é na sala 23.

-Ok, vamos.

Acompanhou-me até à sala e bateu à porta.

-Podemos sêtora?

-Claro, Alex, entra.

-Ah, sêtora, a nova aluna está aqui.

-Ah entra linda. Meninos esta é a Emma.

Dei um passo em frente, fechei a porta e coloquei o cabelo atrás da orelha esquerda.

-Olá a todos, chamo-me Emma, o meu nome não é português, porque tenho família Americana, tenho 16 anos e venho de Lisboa.

-Olá.-disseram todos em coro.

-Ah, professora, onde é que me sento?

-Ah miúda, está à vontade, escolhe um lugar qualquer.

-Está bem.

Caminhei até à mesa onde o Alex se tinha sentado, pelo menos era a única pessoa que eu conhecia minimamente ali.

-Fizes-te uma boa escolha.-sussurou-me ele.

E de imediato, assim que me sentei começaram todos a fazer ''uh, ah, eh lá...'' ignorei-os.

-Então esta é a sêtora de quê?

-Formação cívica.

-Obrigada.

-Bem meninos, este ano vamos desenvolver um trabalho sobre o namoro e as relações, vamos abordar vários assuntos como a gravidez inesperada, as traições, os maus tratos, etc, como vocês devem saber, nem todas as relações correm às mil maravilhas...

Deixei de a ouvir, não suportava ouvir falar mais em relações, muito menos em traição. Desviei o olhar da professora e olhei para o Alex, não tinha reparado como ele era tão bonito, a sua pele morena transmitia uma enorme sensação de calor, e os seus olhos verdes, profundos, olhavam-me de uma forma que nem eu conseguia decifrar, não sabia ao certo o que se estava a passar entre mim e aquele rapaz, mas estava prestes a descobrir. O seu cabelo batia vezes e vezes sem conta no seu rosto, a enorme brisa que entrava pela janela fazia esse efeito. Os seus lábios eram perfeitamente delineados. Por mais que quisesse os meu olhos não conseguiam descolar-se da visão que tinham à frente.

 -Hei, estás bem?

-Sim, desculpa é que acho que tens um mosquito no cabelo.-menti.

Ele sacudiu o cabelo. Tens um mosquito no cabelo? Em que estava eu a pensar? Não sabia arranjar nada melhor, não? Por amor de deus, que vergonha.

-Assim está melhor.

-Definitivamente.-Disse eu.

-Queres combinar algo para logo à tarde?

O meu coração batia cada vez mais rápido, a minha respiração perdia-se algures na perfeição do seu rosto, estava sem palavras e começara a corar. Era melhor alguém fazer alguma coisa antes que eu tivesse um ataque cardíaco, mesmo ali na primeira aula do resto do ano.

-Ah, hum, sim, é claro.-acabei por responder.

-Ahaha.-riu-se ele. -Boa, onde queres ir?

-Não sei...

-Já sei um sítio perfeito.-disse-me ao afastar uma mecha do meu cabelo do rosto.

-Onde?

-Vais ter que esperar para saberes.

-Oh, vá lá!

-Nope.-disse ele.

-Está bem, então quando sairmos da escola vamos.

-Sim.

Nem podia acreditar que tinha um encontro com o rapaz mais giro do mundo, na minha opinião, que tipo de rapariga faz isso? Quer dizer, supostamente eu devia estar em casa, a chorar baba e ranho, e a tentar encontrar respostas para todas as minhas perguntas, mas não em vez disso, estava ali, a combinar um encontro, enfim, nunca me hei de perceber. Mas a chorar por coisas que não choraram por mim é que não.

 Agora é esperar até às 3.15 horas da tarde.

 

 1*- voilá, palavra francêsa: significa '' já está ''.

 


 

publicado por Kate às 18:10
28
Jun 11

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Cinza Ardósia, a cor que escolhi para as paredes, algumas pessoas podem vir a pensar que foi uma escolha errada por ser um pouco escura e etc, mas eu acho que vai ficar perfeito, depois posso combinar com objectos mais claros na decoração para o quarto não ficar muito ''pesado''.

 Assim sendo esta manhã quando acordei tomei um duche, vesti uma blusa branca simples, com umas calças de ganga pretas e vesti um casaco de pêlo de leopardo, nem sei como é que o consegui ter, mas a minha tia da parte do pai, ao que parece tem muito dinheiro lá dos negócios dela, então no inverno em que a mãe, o André e eu fomos passar à Dinamarca, ela ofereceu-me o casaco. Fiquei tão contente que agora sempre que chega ao inverno não resisto em usá-lo. Não para dar nas vistas ou assim, mas porque é realmente quente e muito giro.

Desci as escadas e reparei que a avó tinha acendido a lareira, que bom, estava um clima tão quente naquela sala, e o cheiro a torradas que a minha avó prepara sempre de manhã era ainda melhor.

 O pai estava sentado no cadeirão em frente à tv, como era costume, outra das coisas de que me recordava, e avó estava ao pé da bancada a barrar o pão com manteiga.

-Bom dia!-gritei ao sair das escadas.

-Bom dia.-disse o meu pai meio ensonado e sem desviar os olhos da televisão.

-Então a minha menina já está de pé?-disse a avó.

-Sim. Combinei com o pai irmos hoje à loja do Sr.Manuel buscar a tinta e ir escolher os móveis e objectos de decoração.

-Ah acho muito bem, venham para a mesa, as torradas já estão prontas.

-Boa!-disse eu com entusiasmo.

O pai não disse nada e caminhou para a mesa.

-O que vão beber?

-Leite com chocolate, o mesmo de sempre.

-Eu quero uma chávena de chá verde, está no frigorifico, fi-lo ontem.

-E é para aquecer?

-Não, não, agora está na moda beber chá frio, e confesso que é bastante agradável.-disse o pai.

-Ai meu deus, as coisas que estes jovens inventam.

-É verdade avó.

Comemos, lavámos os dentes e saímos de casa, primeiro fomos à tal loja de tintas, trouxe a Cinza Ardósia como queria. Metemos a tinta no carro e fomos à loja de decoração, assim que entrámos uma senhora que estava atrás do balcão dirigiu-se a mim e disse:

-Ai menina, adoro o seu casaco!-e sorriu.

-Obrigada.-disse eu e sorri também.

-Em que lhes posso ser útil ?

-Eu vim à procura de móveis para o meu quarto, de preferência brancos, práticos e com linhas direitas.

-Excelente, temos um conjunto que engloba a cama, roupeiro, secretária e duas mesas de cabeceira.

-Parece-me bem, excepto o roupeiro. Dê-me um segundo por favor.

-Claro.-disse a senhora.

-Pai! Eu pensei em fazer um closet no quarto do André, visto que ele praticamente nem lá vai, assim o quarto não deixa de ser útil, e nos poucos fins-de-semana que ele cá vem, dorme no sofá da sala.

-Parece-me bem.

-És o melhor pai do mundo!-guinchei, e abracei-o. Ele sorriu.

-Não quero o conjunto, prefiro levar à parte, está bem para si ?

-Sim.-respondeu a senhora.

-Então quero, a cama, uma mesa de cabeceira e a secretária.

-Com certeza, vou já registar a sua encomenda, no fim preciso que me dê a morada e um número de contacto.

-Sim.-disse o pai.

Demos uma volta à loja e eu escolho mais uma cadeira muito gira, em tons de azul .

-Ah, a secretária não pode ser antes a azul?-perguntei.

-Sim senhora.-disse a senhora que nos estava a atender.

-Perfeito, agora preciso de duas jarras, e de almofadas, tecidos coisas do género.

Escolhemos duas jarras, um tecido de parede florar para colocar por cima da secretária e dirigimo-nos à caixa.

-Então é: uma cama branca + mesa de cabeceira, uma secretária azul + cadeira, e duas jarras mais um tecido, está certo?

-Certíssimo.-disse o pai.

Demos o nome da rua, o número do pai, agradecemos a ajuda e saímos dali, estava praticamente tudo feito quando fomos à loja dos tecidos.

Entrámos e vi um rapaz de pele morena, olhoz verdes e cabelo preto, curto ao balcão, aparenta ter a minha idade.

-Boa tarde.-disse ele.

-Boa tarde.-dissemos eu e o pai em coro.

-Em que posso ser útil?- olhou para mim e sorriu.

-Nós procuramos lençóis brancos e fronha, e tecidos para almofadas, e cortinados.

-Cama de casal ou solteira?-disse ele e olhou-me nos olhos ao mesmo tempo que esboçava um sorriso.

-Solteira.-disse-lhe piscando-lhe o olho.

-Perfeito.-disse e sorriu. -Venham comigo.

Seguimo-lo e ele levou-nos até a uma pilha de lençóis. Tirou um pacote e entregou-me.

-Obrigada.-disse eu.

Demos um olho na loja e encontrámos dois tecidos para as almofadas. Dissemos as medidas e ele cortou-os à medida.

-É tudo?-disse-me olhando-me no olhos, não percebia ao certo o que aquelas trocas de olhares queriam dizer, os seus olhos pareciam não ter fim, e ter algo para dizer.

-É.-respondi.

O meu pai permanecia calado e a deixar-nos a falar, acho que fez muito bem!

-São 10,90euros. Por favor.

O meu pai entregou-lhe o dinheiro e saiu. Eu reparei num tecido memo lindo em tons de alfazema mas como o meu pai já tinha pago já não podia voltar a trás, ia a dirigir-me para a porta quando o rapaz me puxa pelo braço e pergunta:

-Hei, como é o teu nome? Não percebi.

-Talvez porque eu não o disse.-e pisquei-lhe o olho. -Sou a Emma, e tu?

-Alex. Muito prazer.-disse e sorriu.

Estremeci de alegria e saí. O destino que fizesse o resto. 

 Entrei no carro do pai (agora já é o carro e não a caravana, ao que parece, só a usa para viagens grandes).~

-Então e como pensas fazer o closet, tu é que és o arquitecto!-disse-lhe.

-Compramos 8 prateleiras para sapatos e blusas e tops, calças, coisas simples de dobrar. E corrimões para vestidos e tudo o resto. E depois compramos uma mesa com tampo de vidro para a bijutaria, um chaise-longue, e já está.

-Boa, posso ter também um lustre e as paredes vermelhas?

-Claro, devias ter pedido logo na loja do Sr.Manuel. Mas deixa, compramos tudo na loja de bricolage.

-Óptimo.-disse.

Comprámos tudo e chegámos a casa por volta das 2horas, a hora em que a avó costuma ter o almoço pronto.

Almoçámos e começámos logo a pintar.

Um dia passou, e a tinta estava seca, é de manhã, penso que são 9 horas e já estou de pé cheia de energia, a tinta estava oficialmente seca, arrumei os lençóis, pois tinha dormido no sofá-cama da sala e preparei o meu pequeno-almoço visto que a avó foi à loja comprar comida para a casa.

 Ouvi a campainha a tocar e ainda com o pijama vestido: blusa roxa com renda nas pontas, e calças azuis bebé com uma fita a fazer de cinto, atada com um laço, e claro os meu inevitáveis e super fofos chinelos, quentinhos e com um gato branco desenhado.

Tinha o cabelo preso com o totó e uma caneca na mão direita. Abri a porta:

-Bom dia é aqui a casa, da Sr.Emma?

Ri-me aquela frase fez parecer que eu era dona do mundo.

-Sim. Podem entrar, é o quarto lá em cima ao fundo do corredor à esquerda.

Eles subiram e eu fui atrás deles. Eram dois homens fortes, altos e musculados.

-Para a esquerda?-Perguntou um deles.

-Sim, sim.-apressei-me a responder.

Desviei-me para a direita, bati à porta e disse:

-Pai, acorda os senhores dos móveis já chegaram. 

-Vou já, já.

Levantou-se logo e dirigiu-se à casa de banho onde lavou a cara. Juntou-se a nós no quarto.

-Está tudo, importa-se de assinar a aqui?

Assinei e os homens saíram pela porta, a que dava para a rua de cima.

Comecei a pôr os móveis no lugar, enquanto o pai começava a montar os varões e as estantes no outro quarto.

Lembrei-me que o meu irmão no seu quarto tinha um tapete preto com pelo, fui busca-lo ao monte de coisas que retirámos do quarto e levei-o para o closet. Assim que o pai acabasse de montar tudo, pôlo-ia em frente ao espelho.

 Estava tudo a ficar perfeito.


publicado por Kate às 16:27
27
Jun 11

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Uma semana se passou e o momento está a chegar, uma atitude completamente irracional levou-me a isto, não só por essa razão, porque a minha mãe já me tinha avisado que a qualquer momento podia ir para o Alentejo, não sei o porquê nem para quê, mas ela lá tem os seus motivos, e agora não há volta a dar.

Tinha as malas feitas, 3 malões enormes com roupa, e outro dois com coisas pessoais... caminhei em direcção à porta de casa, despedi-me da minha mãe com dois beijos na face e o meu irmão ajudou-me a carregar as malas. Saímos e começámos a descer a escada, um enorme corrupio pairava sobre a minha cabeça, cada passo que dava nas escadas e que soava como se cada vez mais estivesse a caminhar para o meu fim, cada pequeno passo ecoava na minha cabeça, deixando-me enjoada e com formigueiros na barriga, não acredito que isto esteja a acontecer, tudo o que me era próximo vai desaparecer num simples segundo, caminho para a porta do prédio e avisto a caravana do meu pai, porque raio andava ele com uma caravana? Não estamos no Alentejo, ainda!

Colocámos os malões na caravana, e cumprimentei o meu pai, ele deu-me dois beijos e sorriu.

-Estou muito contente que venhas viver comigo, Emma.

-Sim, eu também.-disse. Acho eu...-sussurrei.

A minha mãe lá de cima acenou-me e eu também lhe acenei, e mandei-lhe um beijinho com as mãos.
-Bem, adeus Emma.-disse o meu irmão abrançando-me. 

-Adeus André.

Entrámos no carro e o meu pai colocou o pé no pedal, e seguimos viagem, deitei-me no sofá da caravana e adormeci por alguns momentos, assim que o meu pais fez uma travagem acordei, e fui ao pé dele.

-Pai, como é a casa?

-Bem... tem 3 quartos, um meu, outro da tua avó e outro teu, que por acaso limpei hoje de manhã e coloquei lençóis lavados e quentinhos, no piso de baixo há um compartimento que é uma mega dispensa, a sala está ligada à cozinha, e há o quarto da avó, assim que sobes as escadas tens a minha secretária, com os meus projectos de arquitectura e estantes, depois tens uma porta, mais estantes e uma porta que dá para umas escadas que levam ao quintal, mas continuando, para o lado esquerdo, ao fim do corredor, há uma porta de correr, aí existe a minha secretária com o computador e a impressora, etc, depois no lado direito há dois cadeirões, uma mesa e um móvel para guardar loiça antiga em madeira escura, ah e uma cómoda ao lado da porta que dá para a rua de cima, depois para a direita outra vez tens o teu quarto. Saindo desta divisão e voltando ao corredor, do lado direito há outro corredor pequenino, lado direito há duas portas, uma que pertence à casa de banho e outra ao meu quarto, e do lado esquerdo há outro quarto, mas esse era para quando o teu irmão cá vinha, por isso não conta.

No quintal, tens a casinha dos brinquedos, o casarão onde a avó guarda a lenha e onde há a lareira, um fogão e uma mesa, e pronto, depois há 3 laranjeiras, e um limoeiro e então se formos falar de flores nunca mais acabo... é basicamente isto.

-Ok, pai, obrigada.

Neste momento montes de memórias me vieram à cabeça, lembro-me de nesse casarão fazer bolinhos em forma de ''8'' com a minha avó. Lembro-me de estar deitada no colo do meu pai à lareira e de a minha mãe ligar a dizer que a minha tia tinha morrido. Lembro-me da primeira vez que que vi neve, foi no quintal, a neve caía sobre todo o lado, e numa pilha de lenha no chão coberta por uma cobertura de plástico era onde eu me encontrava, comecei a mexer na neve que por lá poisava, tinha as minhas luvas, mas mesmo assim os meus dedos congelavam, lembro-me de ter imenso medo de um bicho gordo, feio e preto que vive naquele quintal já há muito tempo, ele dorme nos tubos que a avó usa para estender a roupa e afins, lembro-me de avó chegar a contar-me que enquanto lavava umas calças no tanque que se bem me lembro foi pintado por mim, pelo meu irmão e pelos meus primos, foi atacada por esse ''bezumbezelho'', como eu lhe chamo, mas o nome pelo qual é conhecido é besouro. Lembro-me de me entreter a apanhar pequenos peixes/bichinhos que residiam na água do outro tanque, quando a água estava lá há algum tempo os bichinhos formavam-se e eu apanhava-os com o escoador. Lembro-me de bincar com o meu primo ao ''Jakie and Jack'' em que tínhamos que fazer missões e etc. Lembro-me de uma vez ter caído da rede que estava presa num dos postes e numa laranjeira, balancei tanto que dei com o rabo no chão, o mesmo a aconteceu com uma argola presa com uma fita à árvore, eu baloiçava lá também, mas como sempre a argola partiu-se e eu caí. Lembro-me de a minha avó cozinhar super bem, do cheiro da terra molhada e das flores. Lembro-me de fazer uma festa de anos em que a minha avó fez montes de gelatinas coloridas, cortou-as em cubinhos, enfiou-as num copo enorme e meteu chantilly por cima, cada criança tinha um copinho desses, e estava mesmo bom! Memórias, de coisas que nunca vou esquecer, podem ter a certeza. 

-Pai, já estamos a chegar?

-Quase, 10 minutos.

-Ok.

Arranjei-me, guardei o iPod na mala, escovei o cabelo, puxei as calças para cima, e quando reparei já estava à porta da casa.

Abri a porta e uma brisa de rosas veio contra ao meu rosto, sorri, respirei fundo e desci da caravana.

Ainda me lembrava das rosas que a minha avó colocou a fazer de muro, perfeitamente entrelaçadas umas nas outras, com enormes espinhos. Abri o portão que fez um ruído ao raspar no chão contra o cimento, cimento esse que tinha uma frase escrita no chão juntamente com o ano, lembro-me que fizemos isso quando o meu avô teve que arranjar os canos, e depois teve que tapar tudo de novo e aplicou cimento.

Subi o chão inclinado de cimento que me conduzia até à porta, vi uma luz a acender-se e percebi que a avó já tinha dado pela nossa chegada.

Abriu a porta e disse:

-Emma! Minha querida! - disse isto e ao mesmo tempo abraçava-me e soltou uma lágrima.

-Avó!

Desci novamente para ir ajudar o meu pai com as malas.

Entrámos em casa e eu parei por momentos, o meu coração batia muito fortemente, aquele cheiro, as luzes, a casa, tudo em si estava a causar-me um grande impacto. Pousei os malões e corri para junto do fogão: bifes com puré, tão bem que me lembrava daquele prato, bifes de perú, a avó ainda se lembrava!

Soltei uma lágrima e esboçei um sorriso. Por trás a minha avó meteu-me a mão no ombro e disse:

-É bom ter-te de volta Ems.

-Sim.-disse.

Subi as escadas atrás do meu pai.

-Anda o teu quarto é para aqui.

Segui-o. Entrámos no quarto, olhei em meu redor e vi livros da Rua Sésamo, peluches, desenhos feitos por mim e pelos meus primos, canetas, a minha televisão que apenas dava os canais 1,2,3. Sorri, e deixe-me cair sobre a cama, estava nas nuvens, era uma nova etapa na minha vida que certamente mudará tudo.

O meu pai enconstou os malões todos a um canto, sentou-se no cadeirão e disse:

-Compreendo que o teu quarto esteja um bocado infantil para a tua idade, se quiseres podemos ir a uma loja aqui perto que vende moveis e objectos de decoração, hoje depois do lanche vou à loja do Sr.Manuel pedir uma palete de tintas, passamos ainda pela retrosaria para comprarmos tecido para os cortinados, a avó faz as bainhas na máquina de costura.

-Perfeito. Vou arrumar umas coisas, tomar um banho e já desço.

-Está bem, não te demores a avó esmerou-se com o jantar.

-Claro.

Arrumei o básico e o resto deixei nas malas, para quando os móveis novos vierem ser mais fácil de arrumar. Enquanto tomava banho veio-me à cabeça tudo o se passara em Lisboa, como as pessoas conseguiam ser maliciosas, como havia tanta poluição e stress... de certa forma prefiro estar aqui, e apreciar os factos da vida, do que estar lá a discuti-los.

 Pensei no Duarte, em como tudo tinha acabado de um dia para o outro, em como ele me tinha deixado... não queria pensar mais nisso e o melhor era certamente esquecê-lo.

publicado por Kate às 19:04
25
Jun 11

 

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Para ser sincera não sei o que me passou pela cabeça.

Será que foi o desespero? Será que aquela pessoa me invadiu a alma, fazendo-me cair em tal obsessão?

O que me deu na cabeça para ir para o bosque em plena noite de Agosto? Tinha apenas um top e uns calções, e estava cheia de frio e os meus dentes tremiam, de certeza que não estava bem, sentei-me no solo encostada a um tronco de uma árvore, arrepios cercavam o meu corpo. Até que adormeci, ali no meio de nada, sem ter consciência das minhas atitudes, deixei-me levar por uma lágrima, e quando dei por mim, estava a acordar, em casa.

-Ainda bem que foi só um sonho.-sussurrei.

E assim que disse isto, a minha mãe entra no quarto.

-Bom dia minha menina, temos muito que conversar! Isto não fica assim, vais ser castigada, tem de ser.

-O que é que eu fiz?

-O que é que tu fizeste? Ainda perguntas, deixa-te dessas ironias.

Não estou mesmo a perceber, há semanas que não faço nada de mal, pelo menos que tenha direito a castigo.

-Hum?.-retorqui.

-Achas que passares um noite no bosque é uma coisa normal para uma rapariga de 16 anos?

-Não estou a perceber...pensei que isso não passasse de um sonho.

-Um sonho? aha, isso querias tu, levanta-te, arranja-te e às 11 horas quero-te no Starbucks ao fim da rua.

Não respondi, ainda estava em estado de choque, não podia acreditar que tudo aquilo acontecera, que eu me deixara levar pela mágoa, não acredito que um rapaz me pudesse ter deixado naquele estado, como é que ele se atrevera? Não reparou que eu o amara de mais para o deixar partir? Porque é que não voltou para me pedir perdão? Não posso deixar que assim do nada o meu namorado me abandone sem dar qualquer tipo de justificação, afinal sou a sua namorada, certo? Deve-me explicações... será que isso quer dizer que ele não passa apenas de mais um cobarde que foge para outra escola quando as coisas não lhe convém na anterior? Então e as pessoas que se preocupam com ele e de quem ele é chagado? Não merecem uma justificação honesta para tudo o que ele faz? Não pode continuar a desaparecer assim, quando regressar acabarei tudo com ele, não suporto mais isto, estamos loucos ou quê?

 Levantei-me e dirigi-me para a casa de banho do rés do chão, onde tem a banheira maior, precisava mesmo de afundar todos os meus pensamentos, aquela banheira era a escolha mais acertada, para além de ter um ar muito mais tranquilizante. Tomei um rápido banho de imersão, deixei-me levar pelos pensamentos, enquanto ao mesmo tempo que um mau surgia, rapidamente o afundava, apliquei o shampô e o acondicionador, enxaguei-me e saí da casa de banho, já no meu quarto vesti uma blusa branca de malha, umas calças de ganga escuras e os meus vans vermelhos, sequei o cabelo e não fiz mais nada porque as 11 horas já se aproximaram, peguei no telemóvel e saí de casa. 

 Caminhava em direcção ao tal Starbucks quando recebi uma mensagem:

-Desculpa infinitamente amor, por favor compreende-me. 

-Compreender o quê Duarte? por volta das 5 horas vem ter comigo à entrada do bosque de Sintra.

-Ok.

Que lata que ele tem, depois de tudo pelo que me faz passar ainda continua a pedir desculpas, neste momento o meu ódio por ele supera o amor, não permitirei que me arruine a vida desta maneira mais, está decidido.

Continuei a caminhar, até que cheguei ao café.

A minha mãe está com uma cara muito pensativa e dá para reparar que não vem aí coisa boa. Respirei fundo e entrei.

-Olá mãe.-disse eu com um sorriso falso.

-Senta-te.-disse ela.

-Ok.

-Estive a pensar como te hei de castigar pelo que fizeste, lá por teres 16 anos isso não te dá o direito de te ires enfiar no bosque às tantas na noite como se não tivesses qualquer noção da realidade.

-Eu sei mas...

-Não Emma, não há mas, vais passar um ano com o teu pai, no Alentejo, pode ser que mudes de ideias em relação a  tudo... esta cidade está a deixar-te completamente maluca.-interrompeu-me ela.

-Desculpa, não fiz por mal, e sei que foi uma atitude completamente irracional, mas apetecia-me estar fora de casa, longe de tudo por uns momentos e estar a penas com a minha consciência.

-Então digo-te já que a tua consciência não é muito tua amiga.- e rimo-nos as duas. Não quero saber o motivo pelo qual fizeste esse disparate, não quero ouvir falar mais sobre isto, ouvis-te? Daqui a uma semana vais para o Alentejo.

-Ok... mãe já percebi onde queres chegar, a partir de hoje a minha felicidade vai desaparecer como um hambúrguer, rápido.

Fomos para casa e arranjei-me para as 5 horas. Às 4 e meia saí de casa e caminhei até ao bosque, não era assim tão longe.

Quando lá cheguei vi o Duarte sentado num banco à minha espera.

-Olá.-disse ele levantando-se.

Ia para me beijar, mas eu desviei-me.

-Duarte chega, não percebes o objectivo deste ''não-encontro'' ?

-Mas Emma...

-Não, desculpa, tu excedes-te todos os limites, de hoje em diante não te quero ver mais, não sei porque razão estás sempre a desaparecer e a aparecer, mas também acho que prefiro nem saber. Acho que é agora Duarte, adeus.

E abracei-o, fossem quais fossem os seus motivos, aquilo não é vida para mim, vou tentar esquecê-lo e continuar em frente com a minha vida, se calhar a ida para o Alentejo nem é assim tão má. 



publicado por Kate às 13:25
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sinopse
Na adolescência há acontecimento que podem ficar marcados para sempre. Conseguimos possuir de um milhão de sentimentos em simultâneo, tão bem como pensamentos. With no turning back retrata a história de uma adolescente: Emma, que após ser trocada pelo namorado, e de uma noite marcante na sua vida, em conjunto de um repleto disparate, Emma é obrigada a ir viver com o seu pai e avó para o Alentejo, onde vai fazer amizades que jamais irá esquecer, e principalmente onde vai conhecer o rapaz dos seus sonhos... mas logo por azar, Emma descobre algo terrível, o que pode ser tomado como um risco ou não. Mas quando o amor é muito, e principalmente ''à primeira vista'' não há nada que faça parar o coração de uma adolescente.